Possuindo um incomensurável acervo de informações históricas, passando de 11 mil assuntos (entre eles, mais de 300 dados biográficos de pioneiros santanenses e mais de 500 fotos históricas que registram o crescimento demográfico e social da cidade portuária do Amapá).



segunda-feira, 26 de março de 2012

Um respeitado religioso que ajudou Santana

1966 - Durante 1ª Eucarístia na Paróquia Nossa Senhora Perpétuo Socorro, onde o Padre Ângelo Biraghi aparece do lado esquerdo (óculos) com cavanhaque.

Se existe um cidadão na história do município de Santana, que muito contribuiu em diversas áreas da nossa sociedade, podemos dizer que ele se chama Ângelo Biraghi, um padre italiano que residiu no Amapá por mais de duas décadas e ajudou no crescimento, desempenhando trabalhos assistenciais em prol de pessoas mais necessitadas e ampliando trabalhos ligados à sua doutrina.


Nascido em 22 de janeiro de 1925, na região de Concorezzo (Milão), Ângelo Biraghi recebeu as vestes sacerdotais no Pontifício Instituto de Missões Estrangeiras (Pime) ainda jovem, por influência de sua mãe, uma devota bastante ligada ao catolicismo romano.

No final de 1954 foi designado para o Brasil, ficando na cidade carioca (Rio de Janeiro) por alguns meses e posteriormente recebeu ordens do Vaticano (Itália) para seguir para a região amazônica, chegando à capital do então Território Federal do Amapá na manhã do dia 18 de agosto de 1955, onde logo passou a exercer atividades religiosas na Pastoral Paroquial que funcionava em anexo com a Prelazia de Macapá.

Merecem ser registrados os seguintes serviços prestados pelo Padre Ângelo Birahi em Território amapaense, destacando: Construção da 1ª capela da Vila Dr.º Maia, em Santana (1957), dedicada à Nossa Senhora de Fátima e Santa Ana; Construção da 1ª Capela da vila de Porto Grande (1958), onde ali organizou os primeiros arraiás da localidade (1958); Construção da Paróquia Nossa Senhora do Perpétuo Socorro, nas proximidades da Vila Amazonas (1ª Paróquia de Santana), onde também foi vigário, encarregado e Capelão desta paróquia (1961); Construiu a Igreja dedicada à Nossa Senhora do Perpétuo Socorro, situada no Igarapé das Mulheres (Macapá), que foi definitivamente inaugurada pelo Bispo Prelado de Macapá Dom José Maritano, em 27 de junho de 1970; inaugura a Capela de Santa Maria na Vila Maia (Santana); Construiu e inaugurou a Capela da Colônia do Matapí, levantando duas igrejas nas Linhas “A” e “B” (Porto Grande); Constrói uma capela-escola no lugar chamado “Capivara” (Serra do Navio); inicia a construção de uma capela no lugar “Arrependido” (Pedra Branca); constrói a 1ª capela da localidade de Pedra Branca e capela de São Sebastião no lugar denominado “Munguba” (km 130 da estrada de ferro).

Para muitos que não sabiam, Padre Ângelo foi quem idealizou a implantação da 1ª Escola Paroquial de Santana (em 1962), que funcionava ao lado do canteiro de obras da futura Paróquia de Nossa Senhora do Perpétuo Socorro (atual Escola Estadual Simão Corridori), também estando presente na formulação catequética de todas as igrejas e capelas católicas em Santana até 1985.

Não deixaria de citar sua importante participação nos eventos esportivos realizados nas vilas Maia e Amazonas, sendo ele o grande precursor na fundação do Independente Esporte Clube (em janeiro/1962), onde ali recebeu diversas honrarias por sua atuação técnica neste clube. Era comum encontrarmos artigos de sua autoria nas edições semanais do jornal “A Voz Católica” (1959-1974), onde descrevia com entusiasmo o cotidiano do povo santanense, explanando os principais acontecimentos da cidade e debatendo os problemas ali existentes.

Seu envolvimento religioso e social com o povo amapaense fez com que o padre passasse mais tempo no Brasil que em sua terra Natal (Itália), tanto que foi um dos últimos religiosos que solicitou férias para retornar ao seu país, fato este que pode ter contribuído para seus futuros problemas de saúde.

Ainda tive a ligeira oportunidade conhecê-lo quando participei de dois batizados que ocorreram no final de 1985, na Paróquia de Nossa Senhora do Perpétuo Socorro, em Santana. Com aparência mais envelhecida e diversos cabelos brancos, Padre Ângelo já demonstrava cansaço físico em seu modo de andar e falar. Subia o altar com auxílio com apoio do Irmão Mazzoleni e procurava falar apenas o necessário para os devotos presentes.

Por um leve descuido foi acometido de gripe no início de 1986 e logo depois pegou malária, o que lhe obrigou a ser internado no Hospital Geral de Macapá por algumas vezes, sendo que na última internação (ocorrida no final de maio de 1986), levou seus devotos a se preocuparem com sua possível partida, o que infelizmente veio a atingir o povo amapaense na manhã do dia 07 de junho, quando anunciaram seu brusco falecimento por uma dessas moléstias tropicais da nossa região, mas deixando um legado de trabalho que hoje conhecemos.

Para homenagear esse religioso, o Poder Municipal de Macapá batizou a 1ª escola primária do bairro Jardim Paraíso como Escola Municipal de 1º Grau Padre Ângelo Biraghi.

sábado, 24 de março de 2012

A implantação do ensino ginasial em Santana



04/03/1967 - Solenidade de inauguração do prédio do Ginásio Municipal de Santana, que passaria a ser chamado de Ginásio Augusto Antunes.



A criação de um curso ginasial em Santana surgiu de um esforço conjunto no final de 1965. Uma parceria entre o Ministério da Educação e Cultura (MEC), através da Companhia de Aperfeiçoamento e Difusão do Ensino Secundário (CADES), a Divisão de Educação do então Território Federal do Amapá e o Instituto Regional de Desenvolvimento do Amapá (IRDA), juntamente com a Prefeitura de Macapá, na qual cada grupo desenvolveu um projeto para a instalação desse curso pedagógico na pequena vila de Santana, ainda iniciava pela histórica Vila Dr.º Maia.

No dia 10 de fevereiro de 1966, o governador do Território do Amapá General Luiz Mendes sancionou a Lei n.º 04/66-GAB criando o Ginásio Municipal de Santana, com o objetivo de beneficiar os estudantes santanenses que, ao terminarem o curso primário, se quisessem prosseguir com os estudos, tinham que continuar na capital, o que nem sempre seria fácil de dominar, pois, o deslocamento não podia ser feito diariamente através de transporte público, já que tais serviços somente aconteciam três vezes na semana, atribuídos a um ônibus cedido pelo Governo Amapaense.

Em alguns casos, era preferível os pais deixarem que seus filhos apenas com o ensino primário, fato que constituía numa frustração nas intenções sociais da empresa que desenvolvia serviços na região, ou seja, a Indústria e Comércio de Minérios Ltda (ICOMI).

Por esta razão, houve essa parceria entre os poderes municipal, territorial e federal, que visava a implantação do referido curso em Santana. O CADES capacitou uma equipe de 20 funcionários cedidos pela ICOMI (todos de nível universitário), para integrarem o corpo docente do futuro educandário santanense.

Em 22 de fevereiro daquele ano (1966), a Prefeitura de Macapá iniciou as obras de construção de um conceituado prédio na área urbana da Vila Dr.º Maia, destinado ao ensino primário para seus moradores, onde também funcionaria provisoriamente o ensino ginasial de Santana.

Enquanto a construção do prédio prosseguia aceleradamente, eram formados os grupos educacionais que lecionariam na Escola. A professora Heliete Covas Pereira, assessora da Educação do IRDA, encarregou-se da organização e supervisão de um curso ministrado aos funcionários da ICOMI, com o intuito de aperfeiçoarem suas técnicas e repassarem aos estudantes ginasiais.

A coordenação geral desse curso esteve a cargo do professor Wilson Rodrigues, com a colaboração dos professores Eloy Nuno de Barros, José Alves de Oliveira Dias, Ruy da Silveira Brito, José Moura Cardoso, Lea de Almeida Campos, Jacqueline Schwab, Sérgio Ipiranga de Souza Pinto, Carlos Paladini e Eleonora Toscano de Brito (todos mestres em diversas escolas do Estado de Minas Gerais). Houve ainda a participação da professora Izaura Lopes (Belém-PA), formada pela UFPA.

Em 21 de março de 1966, ocorre a inauguração do prédio do Grupo Escolar Amazonas, na qual o Poder Municipal determinou a utilização parcial das instalações do novo prédio para o ensino ginasial. Para não prejudicar os alunos da nova escola primária, as aulas ginasiais eram dadas nos turnos da tarde e da noite, reservando o horário da manhã para os alunos do Grupo Amazonas.

A professora Maria de Lourdes Vasconcellos foi a primeira educadora que esteve à frente da diretoria do Ginásio Municipal de Santana pelos dois primeiros meses, sendo posteriormente substituída pelo professor Antônio Pontes. Ainda em seu primeiro ano, o Ginásio santanense funcionou com três turnos de 1ª série, duas de 2ª série, uma de 3ª série e uma de 4ª série.

Em 03 de dezembro corrente, formam-se os primeiros alunos do Curso de Ciências Humanas (Humanistas) pelo Ginásio Municipal de Santana, sendo 11 jovens (entre rapazes e moças). Ainda em dezembro, a ICOMI iniciou a construção de um prédio próprio para funcionar o curso ginasial de Santana, desligando-se do prédio do Grupo Amazonas, embora fosse o único estabelecimento de ensino médio (1º ciclo) existente naquela vila portuária.

Terminada sua construção, o curso ginasial de Santana começou o ano letivo de 1967 já em prédio próprio. A cerimônia de entrega desse novo prédio ocorreu na manhã do dia 04 de março de 1967, com a presença em massa dos moradores das vilas adjacentes à nova escola, além de autoridades locais e territoriais.

Na ocasião do ato inaugural, o prefeito de Macapá Engenheiro Douglas Lobato disse que a população local havia decidido dar ao novo educandário o nome de “Augusto Antunes”, tendo presente o governador Luiz Mendes e a secretária de Educação Heliete Covas Pereira, em seus discursos, o que consideraram “a decisão acertada pela municipalidade” em prestar essa homenagem.

Para alguns que residiam na Vila Dr.º Maia, a construção do novo prédio ginasial em uma área pouco habitada seria inaceitável devido aos riscos que temiam, mas com o crescimento urbano desordenado que a cidade de Santana veio acompanhando, as opiniões populares que eram contrárias tornaram-se a favor.

Em 1977, através do Decreto n.º 133/77-PMM do dia 21 de junho corrente, baixado pela Prefeitura de Macapá que administrava a entidade, o nome do Ginásio de Santana passa a ser chamado de Escola Municipal de 1º Grau Augusto Antunes.

Com a expansão do ensino e o interesse de estudantes que ingressavam para o chamado Ensino Médio, o Poder Municipal de Macapá (que respondia pelo ensino santanense) se viu obrigada a instalar um curso ginasial na Escola Barroso Tostes, sendo esta a segunda entidade educacional a promover o ensino médio na cidade de Santana, isso a partir de 1979.

quinta-feira, 15 de março de 2012

Presidente Lula visitando Santana



Lula seria o 8º Presidente da República que visitaria Santana, contados desde 1957, quando JK inaugurou o primeiro Projeto de exportação de minério para o exterior na Amazônia.


O segundo maior município do Amapá viveu uma tarde histórica naquele dia 20 de dezembro de 2005, quando recebera o então Presidente da República Luís Inácio Lula da Silva que, juntamente com sua comitiva e alguns ministros da pasta da Saúde (José Saraiva Felipe), do Esporte (Agnelo Queiroz) e Minas e Energia (Sillas Roundeau), na qual participaram da assinatura de um convênio entre a Prefeitura de Santana e o Governo Federal, visando a construção de um Terminal Pesqueiro no município, que seria erguido no distrito do Elesbão.

As cláusulas desse recebimento contratual foram assinadas pelo Sr. Raimundo Moraes que vinha atuando em seu segundo mandato à frente da presidência da Cooperativa de Pescadores de Santana (Copesa), onde o mesmo já havia anteriormente apresentado o projeto de construção desse Terminal ao ministro da Secretaria Especial da Aqüicultura e pesca, José Fritsch, quando este ministro esteve visitando nossa cidade portuária no dia 23 de setembro daquele mesmo ano (2005), ocasião em que também havia tratado sobre a implantação de um tele-centro em Santana.

O futuro Terminal Pesqueiro, que vinha sendo uma antiga reivindicação dos pescadores santanenses, ocuparia uma área de quase 8.000m², vindo a ser utilizado para o embarque e desembarque de embarcações de grande e médio porte, transitando os principais produtos dessa região, como camarão, açaí, peixe e outros. O projeto desse entre-posto pesqueiro estava orçado em R$ 3 milhões e, segundo o presidente da Copesa Raimundo Moraes, o processo licitatório para sua construção iniciaria em janeiro de 2006, com previsão para começar em março de 2006 suas obras civis.

O Tele-Centro – Aproveitando a visita presidencial ao município, o ministro José Fritsch participou da assinatura do convênio de instalação de um tele-centro, que tratava-se de um curso de formação em computação, que seria coordenado por técnicos especializados da Copesa, onde alguns desses técnicos chegaram até mesmo a serem treinados em outros Estados Brasileiros.

Este projeto de tele-centro visava contemplar cerca de 1.500 alunos selecionados pela Cooperativa, sendo que na 1ª etapa apenas 600 estavam selecionados para iniciarem o curso, que funcionaria em uma sala adaptada no prédio onde funcionava a Copesa.

Presidente Lula – No esperado pronunciamento da cordial visita, que ocorrera no Ginásio Poliesportivo de Santana (para um público superior à 5 mil pessoas presentes), o Presidente Luís Inácio Lula da Silva deixou claro a importância de um Terminal Pesqueiro para um município em desenvolvimento como Santana. “O Terminal vai garantir uma vida mais produtiva e estável aos pescadores locais, assim como o desenvolvimento econômico do município”, assegurou o presidente.

Lula lamentou a falta de interesse das autoridades em não priorizar setores como a pesca, que buscam trazer o desenvolvimento de um lugar, mesmo sabendo os objetivos que nele se tratam como o consumo e o sustento de uma família ou até mesmo em manter as condições que para ela procuram mantê-la. “Agora com a criação de uma secretaria para a pesca, procuramos cadastrar as famílias de pescadores e garantir a eles um salário mínimo para seu sustento durante os períodos que restringem a pesca”, garantiu o Presidente Lula, comentando sobre o período da Piracema, onde a pesca predatória fica mais restrita em virtude da desova e reprodução dos peixes.

Por mais de meia hora, o Chefe da Nação questionou sobre algumas obras que vinham sendo realizado em parcerias entre o Governo Federal e o Governo Estadual, na qual já haviam sido liberados mais de 12 milhões nessas obras.

Foram concedidos os primeiros kits de materiais que seriam utilizados pelos pescadores no Programa Tele-Centro, que posteriormente receberiam um beneficiamento do Programa de Financiamento de Embarcações pelo Banco da Amazônia (Basa) e pelo Banco do Brasil, em conjunto com a Copesa.

O Presidente Lula finalizou seu discurso em Santana agradecendo às autoridades pelo privilégio de está presente naquele momento da assinatura daquele convênio, e ao povo santanense que já vinha demonstrando sua preocupação sobre a construção desse Terminal Pesqueiro. O discurso presidencial encerrou-se sob os aplausos dos presentes, assim como também foi no momento de sua chegada ao Ginásio Poliesportivo de Santana.

quinta-feira, 8 de março de 2012

A Presença assistencial da mulher na história de Santana


Em meados da década de 1960, era bem comum que grande parte da classe feminina se encontrassem em locais como supermercados ou reuniões comunitárias, onde colocavam em dia suas conversas e experiências de vida. (Local: Supermercado da Vila Amazonas, 1965)


Durante os anos iniciais que a mineradora ICOMI passou a exportar nossa principal riqueza mineral (manganês), ainda no final da década de 1950, o número de mulheres que integravam o quadro funcional da mineradora era bem pequeno. Dos mais de 1.200 empregados distribuídos nos escritórios de Serra do Navio e Santana, não chegada a 10% o quantitativo de mulheres lotadas na mineradora, e assim mesmo, elas estavam restritas em apenas duas funções: ou estavam nas enfermarias dos hospitais da empresa, ou lecionavam em uma das escolas primárias das vilas operarias da ICOMI.

Quem freqüentou o educandário da Vila Amazonas há mais de meio século deve se lembrar de nomes inesquecíveis de suas renomadas professoras, que vinham diretamente contratadas do Sul e Sudeste do país: era Ida Rossi, Aparecida Arruda, Lúcia Villa-lobos, Lídia Gomes e muitas outras pedagogas que ajudariam na formação de centenas de futuros cidadãos amapaenses.

Mas não era apenas naquele conjunto habitacional de primeiro mundo que boas educadoras escreveriam seus nomes na história da educação santanense. Em um lado suburbano e menos favorecido (diga-se ao conglomerado de casebres de madeira que originaria a histórica “Vila Maia”), encontraríamos outras humildes mulheres que também lecionavam para um grupo incontável de crianças de diversas faixa-etárias, que freqüentavam diariamente uma pequena casa de madeira construída ao lado do salão paroquial da única Igreja Católica daquele vilarejo próximo da ICOMI.

Essas desbravadoras que arregaçavam as mangas para educar os inúmeros filhos dos operários icomianos nos lembram o nome de conhecidas instituições públicas de ensino de nossa cidade: Iranilde Ferreira, Ilnah Souza, Maria Colares, Damariis Pestana, Raimunda Oliveira e até Elizabeth Esteves. O nome da lendária professora Gentilla Nobre não é familiar?

Mesmo separadas pela desigualdade sócio-educacional, essas maravilhosas criaturas do chamado “sexo frágil” tinham algo em comum: buscavam serem unidas pelas causas humanitárias e ao assistencialismo dos mais carentes. Um fato claro desta atitude viria por um grupo de mulheres, em sua maioria, esposas de funcionários do alto escalão da ICOMI, que criariam a Associação das Senhoras da Vila Amazonas (ASSVAM), numa importante reunião organizada somente por mulheres da Vila Amazonas, e oficializada em 20 de fevereiro de 1963.

Sua primeira diretoria estaria constituída por Edmilsen Pessoa (Presidente); Gilda Stevens (vice-presidente); Petronilha Olliani (tesoureira); Maria da Glória Mercer (assistente social); Wilma Fróes Alves (diretora social); e Herta Butschowtiz (secretaria).

Vale ressaltar que Herta Butschowtiz (que também integrava a diretoria da ASSVAM) foi quem idealizou o primeiro grupo de escoteiras bandeirantes de Santana, em 1964, denominado de Companhia “Alice Déa Nunes”, na qual ficou sob seus cuidados até 1975, quando sua família se mudou para o Rio de Janeiro (RJ).

Mas ainda com relação à ASSVAM, essa entidade sem fins lucrativos se tornaria um marco na realização de ações sociais que beneficiariam dezenas de famílias carentes, chegando até mesmo a enfrentarem o preconceito da classe masculina quando tentavam formalizar sua autonomia institucional. Foi através das ações da ASSVAM que o Padre Ângelo Biraghi conseguiu manter moralmente o funcionamento da Escola Paroquial de Santana em seus primeiros anos (ainda na década de 1960), quando aquele estabelecimento primário nem sequer tinha estrutura física para funcionar, sendo que a ASSVAM promoveu 02 bingos na Vila Amazonas para arrecadar fundos que serviram para a construção das 04 primeiras salas de aula da escola que hoje conhecemos como Escola Estadual Padre Simão Corridori.

Comovidas pela mesma razão, um grupo de mulheres também se reuniu na distinta Vila Maia e, em maio de 1969, fundaram o Grupo de Senhoras e Mães da Vila Maia, que elegeu a professora Gentilla Nobre para ser a primeira presidente. Assim como a co-irmã da vila operária da ICOMI, o Grupo da Vila Maia reteve seu trabalho voltado para a sociedade menos assistida, onde realizaram eventos (rifas, bingos) para a reforma das escolas Barroso Tostes e o pequeno Grupo escolar que funcionava na Ilha de Santana, assim como desenvolveram diversas campanhas de vacinação de crianças e adultos em visitas feitas nas comunidades adjacentes, como na Vila Toco, Vila Daniel, Toquinho, Duplex, Matadouro, Fortaleza e Ucuúba.

Por infelicidade do destino, essas duas entidades assistenciais de Santana só puderam se encontrar formalmente por uma única vez, isso em dezembro de 1970, quando foram incumbidas se organizarem os festejos de final de ano de seus vilarejos que, apesar de terem uma grande diferença em suas estruturas sociais, conseguiram marcar uma audiência com o governador do então Território Federal do Amapá General Ivanhoé Martins e pediram o apoio do Executivo para a decoração natalina das vilas Maia e Amazonas e aquisição de brindes e brinquedos a serem distribuídos durante as festividades. Os pedidos foram todos atendidos.

Na atualidade – Com o desaparecimento dessas duas entidades filantrópicas, outros grupos formados somente por mulheres surgiram na cidade de Santana, seriam Associações de donas-de-casa, Associação de Mulheres de bairro e até Grupo Fraternais de Mulheres religiosas que organizam caminhadas anuais no combate à violência contra a Mulher, mas porém, nenhuma dessas entidades deixa de acreditar em seus objetivos e já puderam levar seus nomes para a história do nosso povo como figuras que contribuiriam maciçamente em diversos segmentos de nossa sociedade.

Abaixo, vemos o nome de algumas mulheres que já receberam reconhecimento junto à sociedade santanense pelo seus trabalhos que desenvolvem:

Na educação – Vera Figueiredo (professora), Antônia Guedes (professora), Izanete Santos (professora), Adrielly Ferreira (professora), Izabel Gomes (professora), Maria Clara (professora), Joanira Del castillo (professora), entre outras.

Na saúde – Kátia Nazaré Tabosa (médica e ex-secretária municipal de Saúde), Maria Tadeu (renomada farmacêutica falecida em 2011), Joana Aquino (ex-secretária municipal de Saúde), entre outras.

Na política – Oneide Gomes (professora e ex-vice-prefeita de Santana), Roseli Matos (Deputada Federal), Ester de Paula (ex-vereadora e ex-secretária Estadual de Assuntos para mulheres), Mira Rocha (Deputada Estadual), Marcivânia Flexa (professora e Deputada Federal).

Na cultura e comunicação – Elaine Araújo (cantora e ex-assessora de comunicação da PMS), Kátia Carvalho (jornalista de TV), Carol Machado (apresentadora de TV), Andreza Sanches (jornalista), Socorro Barros (jornalista), Cris Nobre (colunista), Célia Souza (jornalista), Keila Kendra (repórter de TV), e outras mais.

Em diversos setores da sociedade santanense – Adelaide Feitosa (presidente da CDL), Maria Nazaré Nogueira (líder comunitária), Maria Luiza Tavares (Casa da Amizade Santana), Ana Dias (líder comunitária), Marli Moura (1ª motorista de ônibus urbano de Santana), Roziclei Bezerra da Silva (1ª mulher-maquinista de trem do Amapá), Ana Sanches (Conselho Municipal dos Direitos da Mulher), Márcia Matos (CDSM), Irmã Aretuza (Casa da Hospitalidade), Jesuína Chagas (Cartório Oliveira), Tenente Marizete Góes (Polícia Militar de Santana), Darc Marques (Sebrae), Mônica Vieira (CMDCA), Alclinéia de Souza Góes (ALOSAD / Sebrae), Marian a Oliveira Alves (estudante santanense do Ensino Fundamental que representou o Amapá no Programa “Soletrando” 2011, da TV Globo), e outras grandes mulheres que infelizmente não pude recordar a tempo, mas que também merecem nossas congratulações nesta importante data.



Parabéns, mulheres santanenses!

quinta-feira, 1 de março de 2012

A Delegação Fluminense no Amapá

Na foto, time oficial do Fluminense (RJ) que esteve no Amapá em 1959.


Em meados de 1959, a seleção oficial do Fluminense Futebol Clube, do Rio de Janeiro (RJ), recebeu um cordial convite da gerência da mineradora ICOMI para participar de algumas partidas amistosas com clubes residentes no então Território Federal do Amapá.

Sem colocar qualquer obstáculo, a diretoria do “Tricolor das Laranjeiras” desembarcou em Macapá com sua delegação na manhã do dia 12 de junho daquele ano, com intuito de participar de 03 certames futebolísticos com times locais: Amapá Clube, Trem Desportivo Clube e Santana Esporte Clube. O clube carioca permaneceria na cidade por 10 dias, tempo suficiente para realização dos jogos marcados.

O primeiro jogo ocorreu no dia 14 de junho, no Estádio Municipal de Macapá (atual Estádio Glicério Marques), onde o Fluminense pelejou com o Alvi-negro macapaense (Amapá Clube), saindo o time carioca como vencedor com o resultado final de 3 x 0.

A partida consecutiva aconteceu no dia 18 de junho contra o Trem Desportivo Clube, no mesmo estádio, porém, ocorrendo duas anormalidades em campo: a expulsão de um jogador meio-campo do time local e a anulação de um possível gol do jogador Maracá (Fluminense) que ficou inválido por ele está em posição de impedimento, o que foi contrariado pelos dirigentes cariocas, mas acabou sendo nulo pelo juiz da partida, que era o desportista Wilson Sena. A partida encerrou com outra vitória para o Tricolor carioca em 2 x 0.

A partida final que encerraria a programação de excursão esportiva do time carioca pelo Amapá ocorreu no dia 21 de junho (numa quarta-feira), onde enfrentaria o “Canário Amapaense”. Esse jogo foi tão concorrido pelo público da época que a venda de ingressos foi liberada no mesmo dia que ocorreu o certame contra o time “Ferroviário” do Trem e esgotou sua venda de ingressos um dia antes do jogo final.

Pelo time carioca jogavam: Castilho; Jair Marinho e Pinheiro; Edmilson, Clóvis e Altair; Marinho, Telê, Valdo, Jair Francisco e Romeu. Enquanto jogavam pela seleção santanense: Vasconcelos, Aristeu II e Varela; Joãozinho, Maranhão e Olivar; Lacerda, Wlademir, Toinho, Zeca Santos e Vavá (este substituído por Bandeira).

Sob a arbitragem do paraense Francisco Lima, o jogo iniciou com um gol formulado pelo jogador Vavá (Santana) em favor de seu time, mas a partir daí não tiveram outras chances mais fáceis durante a partida, deixando os convidados efetuarem 04 gols ainda no primeiro tempo do jogo. No placar final estaria o único tento para o “Canário” e quatro para o Fluminense.

Historicamente, esse jogo foi registrado com o maior público de arquibancada do estádio macapaense daquela década, onde acredita-se que mais de 3 mil pessoas tenham comparecido ao estádio macapaense naquele dia. E outro fato histórico que também marcaria essa ilustre visita da delegação carioca nas terras tucujus foi o fato de que o Santana Esporte Clube foi o único dos três times que jogaram com o Fluminense que ainda conseguiu um gol durante as partidas, algo que nem mesmo os maiores clubes do Norte Brasileiro conseguiram fazer quando o Tricolor excursionou os Estados nortistas naquele ano de 1959.

Cumaú: a lendária e pioneira fortificação do Amapá

Foto histórica da Fortaleza de São José de Macapá, a segunda fortificação construída após a demolição do Forte de Cumaú.

O interesse de países europeus em colonizar o que hoje são terras amapaenses registra-se no início do século XVII. Os principais grupos de invasores eram formados por britânicos (Inglaterra) e holandeses.

Entre as diversas fortificações construídas por esses invasores destaca-se o Forte do Cumaú (Camaú), localizado na Ponta da Cascalheira, à margem esquerda do Rio Amazonas, na antiga Província dos Tucujus, cerca de 15km de Macapá, atual Estado do Amapá.

Uma Companhia inglesa presidida pelo Duque de Buckingham, envia à região do Rio Amazonas uma pequena expedição comandada por Roger Fray que, em 1632, chega à foz do Amazonas, vindo a construir um reduto fortificado, denominado Forte de Cumaú, artilhado com sete peças.

Esta fortificação foi erguida com a ajuda de índios Nheengaybos, Aruans e Tucujus, e destinava-se ao armazenamento de drogas do sertão (gêneros de consumo alimentício).

Com a reação luso-brasileira devido às constantes invasões estrangeiras na região amazônica, um grupo contendo viajantes indígenas e europeus, constituídos em uma nau (pequena catraia) e dois patachos (embarcação maior), se dirigem ao Forte de Tauregue (erguido no baixo Rio Vila Nova), mas logo são informados do domínio desse Fortim, obrigando os viajantes europeus a retornarem à Inglaterra.

No entanto, um dos patachos, que levava em torno de 40 tripulantes (em sua maioria, doentes) dirigia-se ao Forte de Cumaú na tentativa de obter auxílio.

Informado dessa movimentação, o Capitão-mor Feliciano Coelho de Carvalho instrui os capitães Ayres de Sousa Chichorro e Pedro Baião de Abreu que, à frente de um destacamento com 30 soldados e 250 índios flecheiros tucujus, seguiram em canoas ao Fortim.

Em 09 de julho de 1632, o Capitão Pedro Baião, com 10 soldados e todos os índios flecheiros atacaram o Forte de Cumaú e em poucas horas obtém a rendição do mesmo, na ausência do Capitão Ayres de Chichorro que ficou incumbido de informar da situação a Feliciano Coelho.

No domínio do Cumaú, percebeu-se que seu Comandante, Roger Fray, na o se encontrava na fortificação, ou seja, no dia anterior, havia deixado o local em uma pequena nau, seguindo em busca de um reforço de 500 homens que viriam da Inglaterra, ajuda pela qual jamais chegou.

Sem saber que seu Forte havia sido dominado por forças estrangeiras, Roger Fray retorna em sua nau. Porém, no dia 14 de julho (1632), no litoral amapaense, o Comandante inglês é abordado pelo Capitão Ayres Chichorro, onde travam uma violenta luta, culminando na morte em combate do Comandante Roger Fray. Com esse episódio, encerram-se as pretensões britânicas de estabelecer-se na Amazônia, em especifico, sob terras amapaenses.

Ao receber tais informações do ocorrido, o Capitão-mor Feliciano Coelho ordena que o Forte de Cumaú seja destruído, juntamente com sua artilharia, inclusive a nau de guerra adquirida pelo Comandante do Fortim durante seus poucos contatos com a civilização amazônica.

No ano seguinte (1633), as autoridades luso-brasileiras são informadas de que o Comandante Roger Fray recebia constantes materiais de guerra (munição, armamento), enviados pelo Conde de Brechier, da Inglaterra, na qual pretendia, à sua custa, fundar uma povoação inglesa nos arredores do Forte de Cumaú.

Já o Capitão Ayres de Sousa Chichorro, por sua vez, em 17 de março de 1637, foi promovido pelo Governo do Grão-Pará ao cargo de Capitão-mor por ato de bravura e coragem na retomada do Forte de Cumaú.