Possuindo um incomensurável acervo de informações históricas, passando de 11 mil assuntos (entre eles, mais de 300 dados biográficos de pioneiros santanenses e mais de 500 fotos históricas que registram o crescimento demográfico e social da cidade portuária do Amapá).



sábado, 21 de janeiro de 2012

O SERVIÇO HOSPITALAR DA VILA AMAZONAS

O sistema hospitalar implantado pela ICOMI era considerado um dos mais modernos e sofisticados serviços da América Latina. Ao lado, imagens históricas durante exames realizados no Hospital da Vila Amazonas e sua mais recente situação, sob administração da Unimed.



Em fevereiro de 1955, a pedido do Dr. Augusto Trajano de Azevedo Antunes (Diretor-presidente da Indústria e Comércio de Minérios LTDA-ICOMI), é montado no canteiro de obras dessa mineradora um pequeno posto médico para funcionar na área portuária de Santana, que contava com serviços de assistência médico-hospitalar e serviços de assistência na saúde de seus funcionários.

A instalação desse posto coube ao médico paulista Paulo César de Azevedo Antunes – irmão de Augusto Trajano Antunes – formado pela faculdade de Medicina e Cirurgia de São Paulo (SP) e pós-graduado em Saúde Pública pela Universidade Johns Hopkins (EUA). Paulo Antunes convidou o médico Hermelino Gusmão para juntos planejarem e executarem um completo serviço de saúde empresarial e comunitário a ser desenvolvido em conjuntos residenciais fechados.

Inicialmente, o pequeno posto tinha 06 leitos que atendiam somente os constantes casos de moléstias físicas e doenças tropicais, na qual estas enfermidades sempre predominaram e assolaram o caboclo amazônico. O referido posto funcionava temporariamente ao lado do barracão de Manutenção Ferroviária da ICOMI, situado no canteiro de obras do futuro Porto de embarque de minérios de manganês.

Em 1957, após inúmeros acertos técnicos com a diretoria da ICOMI, o arquiteto paulista Oswaldo Bratke focalizou a área definitiva para a construção de um Centro de Saúde completo na futura vila operária da mineradora, que já vinha sendo erguido nas proximidades do cais da ICOMI (a futura Vila Amazonas).

Em junho de 1958, é criada a Divisão de Saúde e Higiene da ICOMI, sob coordenação do Dr.º Paulo César Antunes, na qual abrangia os seguintes departamentos: Saneamento, Medicina Preventiva e Curativa, Enfermagem e Nutrição. Nesse mesmo ano, é concluído e aberto o Hospital de pronto-atendimento da Vila Amazonas, contendo 18 leitos e um centro cirúrgico para emergências.

Em 12 de agosto de 1959, A Divisão de Saúde e Higiene da mineradora anuncia ter contratado 03 médicos-cirurgiões e 09 enfermeiros (ambos os sexos), todos lotados para trabalhar exclusivamente no Hospital da Vila Amazonas.

Segundo relatórios apontados pela ICOMI, entre os anos de 1960 e 1966, o Hospital da Vila Amazonas atendeu 2.071 casos de internamento emergencial e partos naturais, e efetuou 13 cirurgias de indicação médica. Somente a partir de outubro de 1971, foi autorizado o atendimento externo no Hospital (de pessoas não-ligadas à ICOMI), porém, realizando um número limitado de registros para evitar uma possível sobrecarga de demanda de atendimento (ou seja, haviam cerca de 10 vagas semanais para pessoas que não tinham qualquer vínculo com a mineradora).

Com o encerramento da mineradora no Amapá (a partir de 1998), O Hospital de Vila Amazonas ficou sendo periodicamente arrendado para o Sistema Unimed de Saúde que, em 16 de junho de 2004, firmou um convênio de uso privado para durar até 2016, podendo até ser prorrogado.

quarta-feira, 18 de janeiro de 2012

INDEPENDENTE ESPORTE CLUBE: 50 ANOS DE EXISTÊNCIA


Time do "Carcará" na década de 1970. Período em era considerado um dos clubes mais respeitados e prestigiados do Amapá.


Bastou a iniciativa do Padre Ângelo Biraghi, durante uma simples reunião entre pessoas interessadas por esporte e lazer, que naquela tarde de 19 de janeiro de 1962, era fundado o Independente Esporte Clube (IEC). Segundo pioneiros, as primeiras assembléias ocorriam no salão paroquial da pequena Igreja de Nossa Senhora de Fátima, localizada no coração da histórica Vila Dr. Maia, no atual município de Santana.

Na ocasião de oficial constituição, estavam presentes: Antônio Villela, José Muniz Ferreira, Francisco Corrêa Nobre, Odon Morales Y Morales, Sebastião Ramalho, José Bandeira, Cláudio Lúcio Monteiro, Melkizedee, Rubens Albuquerque e outros desportistas que residiam na própria Vila Dr. Maia ou nos vilarejos adjacentes à área da mineradora ICOMI, em Santana.

Interinamente foi eleito o Sr. Francisco Nobre (conhecido “Chico Jacaré”) para presidir a nova agremiação santanense até que seus estatutos e situações jurídicas fossem todas legalizadas. Em 22 de fevereiro daquele mesmo ano, numa assembléia que contou com a presença de quase 200 pessoas, foi aprovado o 1º estatuto do IEC, contendo 94 artigos.

Participou de sua primeira partida futebolística naquele mesmo ano de fundação (em 08 de dezembro/62), enfrentando o Guarany Futebol Clube, de Macapá (extinto), onde perdeu por um tento a zero. O jogo aconteceu durante o Torneio “Independência”, organizado pela Federação Amapaense de Desportos (FAD), realizado no antigo campo de esporte do Santana Esporte Clube (na área onde hoje está localizado o Fórum da Comarca de Santana).

Seu primeiro uniforme (oficial nos jogos) era composto de uma camisa amarela e short azul. Em 1965, após aprovarem em assembléia realizada por seus dirigentes, o uniforme foi alterado: camisa/short verde com gola branca e meias verdes. No entanto, em 1972, ocorreu uma nova mudança na vestimenta do clube, ficando o short branco com a camisa/meias verde. A mais recente alteração do uniforme já veio ocorrer na década de 1990, quando passou a utilizar a camisa branca com o short verde.

As conquistas no esporte amapaense – Em meados da década de 1960 receberia dos cronistas amapaenses o pseudônimo de “Carcará da Vila Maia” em virtude de seus atletas serem bem ágeis durante os jogos, onde faziam grandes passes de bola no ar, semelhantes aos vôos das aves de rapina que sobrevoavam a região amazônica.

Sendo assim que conseguiria conquistar sua primeira vitoria em maio de 1964, tornando-se vice-campeão da 2ª Divisão do Campeonato Amapaense de Futebol (CAF) daquele ano. O mesmo título de vice (agora pela 1ª Divisão do CAF) também seria adquirido nos anos de 1972, 1975, 1981, 2002 e 2003 pelo CAF. Porém, procurou se manter como um dos times mais prestigiados da 1ª ou 2ª Divisão dos campeonatos amapaenses das décadas de 1960 e 1970.

A primeira vez que ergue a taça de clube vencedor do CAF aconteceu em 1982, seguindo 1983, depois 1989, vindo 1995 e o último título foi em 2001, quando o Estádio Zerão recebeu um dos maiores públicos numa final de “Amapazão” (foram mais de 5.000 pessoas presentes).

Vale Ressaltar que o “Carcará” foi justamente um dos times que participou do jogo de inauguração do Estádio “Zerão”, em 17 de Outubro de 1990, onde ali venceu o Trem Desportivo Clube por 1 x 0. Estavam presentes na arquibancada, o Presidente da República Fernando Collor, o ministro dos Esportes Arthur Coimbra (“Zico”), Governador do Amapá Gilton Garcia e outras autoridades nacionais, distribuídas entre as mais de 8 mil pessoas que assistiram à inauguração.

Independente x Santana: Clássico do Porto – A conhecida rivalidade desses dois clubes já existe desde janeiro de 1966, quando ocorreu o primeiro encontro de “titãs”, numa partida pelo CAF, no Estádio Augusto Antunes, na Vila Amazonas. O jogo terminou empatado (2 x 2), mas foi apenas um dos mais de 20 encontros oficiais que puderam prestigiar desde então.

Desses encontros, o “Carcará” conseguiu vencer por 08 vezes e empatou 03 vezes. O mais recente certame aconteceu em 03 de outubro de 2009, no mesmo estádio onde começaram as pelejas de quase meio século (Estádio “Augustão”), terminando em 4 x 4.

Um fato curioso desse denominado “encontro de titãs” foi em setembro de 1972, quando dois clubes de uma mesma localidade fizeram a final de um campeonato amapaense de futebol, saindo favorecido o “Canário Amapaense”, que venceu por 2 x 1.

Sua sede própria – Em janeiro de 1969, ainda mantendo seu contato junto à diretoria do clube, padre Ângelo Biraghi começou a realizar diversas rifas e eventos comunitários que ajudariam a arrecadar fundos para construção da futura sede social do IEC.

O citado local para levantar a sede do “Carcará” foi cedida pela Prefeitura de Macapá em meados do mesmo ano, colocando como titular do imóvel a Prelazia de Macapá, que posteriormente repassaria o terreno para a diretoria do IEC ainda na década de 1970.

O terreno compreendido em 80m de frente e 81m na lateral, seria a primeira área patrimonial de propriedade do clube, que até o início da década de 1990, estaria somada com outras áreas espalhadas pelo município de Santana.

No chamado terreno-sede do clube, foi erguida a primeira edificação comercial, que seria de madeira com telhas de brasilit. A edificação teria um pouco mais de 800m² e depois seria construída em alvenaria (já em 1973) para melhor acomodar seus sócios e freqüentadores.

O local seria uma “coqueluche” para a sociedade local, especialmente para aqueles que vinham da capital para se divertirem em Santana. Buscando agradar o público que logo considerou o ambiente bem visto, a diretoria do “Carcará” passou a realizar inúmeros eventos em sua sede.

Um dos primeiros eventos sociais foi em fevereiro de 1971, com a “Festa das Flores”, organizadas para escolher a mais bela jovem da sociedade amapaense. Outro importante evento que anualmente ocorria na sede do IEC era o conhecido Baile “Rainha das Rainhas” que, desde 1984, deixava a sede do clube com ingressos esgotados para a ocasião. Muitos também devem se lembrar do tradicional “Baile das Debutantes”, onde diversas senhoritas realizavam o sonho de dançar uma valsa ao lado de alguma celebridade da televisão brasileira, sendo este um dos eventos mais procurados pelas adolescentes de Macapá e Santana desde sua primeira edição, em 1978.

O “Baile das Debutantes” era tão bem procurado que patrocinadores arcavam com as despesas do evento, evitando que o clube do “Carcará” gastasse durante esse período, que geralmente ocorria entre outubro/novembro. Houve ocasião que o evento que chegou a reunir 50 jovens numa única noite para dançar com um famoso ator da TV.

Além desses eventos, a sede do IEC também promoveu encontros carnavalescos, assim como reuniões partidárias, comunitárias e até ações governamentais e municipais, sem deixar de falar que também serviu como local de apuração de eleições, e palco para posses de prefeitos e vereadores.

Quando houve a transformação do município de Santana, a diretoria do IEC cedeu o espaço para servir como secretarias municipais e Júri Popular, em virtude de anda não haverem locais adequados para funcionar algumas repartições públicas.

Muitos devem se lembrar que, durante o conflito político entre o então prefeito Geovani Borges e o governador do Amapá Comandante Anníbal Barcellos (em 1993), a sede do “Carcará” precisou ser utilizada pelo secretariado municipal, devido o Poder Estadual ter solicitado de volta o prédio onde funcionava o Executivo Municipal de Santana.

Os anos difíceis e a crise do clube – A chamada “crise institucional” do clube começou em 1985, quando o “Carcará” passou a acumular dívidas tributárias, onde algumas obrigações institucionais não eram quitadas por seus diretores.

Alguns ex-presidentes do clube contam que já não havia mais prestações de contas das despesas realizadas pela entidade e constantemente ocorriam divergências entre os integrantes da diretoria, o que acabava atingindo o setor esportivo do clube.

A primeira desistência do IEC sobre o “Amapazão” foi logo depois da conquista de 1983. Chegou a participar de seis jogos do CAF em 1984, mas não se classificou para as rodadas seguintes, retornando somente em 1988, quando a diretoria foi inteiramente substituída, podendo conquistar o Campeonato de 1989.

Uma nova crise atingiria o “Carcará” em meados da década de 1990. Mesmo tornando-se campeão em 1995, a diretoria deixou que a dívida patrimonial ultrapassasse a marca de R$ 10 mil, entre encargos e tributos trabalhistas. Na época, um de seus diretores chegou a cogitar a possível falência do clube.

No entanto, a diretoria procurou amenizar as dívidas após a venda de um de seus terrenos, situado no bairro Paraíso, que media cerca de 30.000m² (local onde hoje está o prédio da nova Prefeitura de Santana), o que veio a causar revolta de diversos associados, que ingressaram na justiça contra a referida diretoria do IEC, denunciando como venda ilegal, sem o consentimento geral dos sócios. A área foi renegociada e posteriormente adquirida pelo poder municipal.

No entanto, em dezembro de 2003, uma nova perda atingiria os associados do “Carcará”: o leilão da sede-central do IEC foi arrematado pelo empresário Carlos Augusto Vieira pelo valor de R$ 137.989,68 como forma de quitar dívidas deixadas por diretorias anteriores.

A assessoria jurídica do IEC ainda tentou reintegrar a área ao clube santanense, sob tentativa de uma liminar em 02 de março de 2006, através do Tribunal Regional Federal (TRF) da 1ª Região, em Brasília (DF), mas sem êxito. A situação ainda chegou ao conhecimento do prefeito de Santana Antônio Nogueira, que sancionou o Decreto nº 0124/06-PMS, declarando a área arrematada como “Utilidade Pública”, visando ali construir o Complexo Administrativo da Prefeitura de Santana, e devolvendo o valor pago para o arrematante. Porém, o caso continua desde então sob júdice.

Mas sabemos que mesmo diante dessas dificuldades enfrentas, na qual obrigaram o clube a se afastar dos grandes campeonatos desde 2004, sua recente diretoria procurou estabilizá-la, vindo a retornar aos grandes jogos profissionais em 2007.

Parabéns pelos seus 50 anos de existência, Independente Esporte Clube!

domingo, 8 de janeiro de 2012

A Visita Presidencial de Costa e Silva



1968. Visita do Presidente Costa e Silva (esquerda), acompanhado do Dr. Augusto Antunes, em Serra do Navio. Pode-se ver o vagão Caboose, que compõe a nova linha ferroviária da ICOMI.



Passava das 10 horas da manhã daquele dia 12 de agosto de 1968, quando uma aeronave da extinta empresa “Cruzeiro do Sul” pousou no campo de terra preta que limitava o Aeroporto de Macapá. Da aeronave desceram inúmeras pessoas que integravam uma importante comitiva em visita ilustre ao Amapá. Entre os passageiros, também vinha o esperado Presidente da República General Arthur Costa e Silva, que foi recepcionado pelo então governador do Amapá General Ivanhoé Gonçalves Martins e alguns secretários.

Na apertada agenda de compromissos pelo Território amapaense, o Chefe da Nação seguiu numa carreata por algumas ruas e avenidas da capital, onde foi aplaudido pela população que se estendia ao longo das vias que foram interditadas para sua passagem. Primeiramente participou da inauguração da Usina Térmica de Macapá, agora denominada Usina Térmica “Costa e Silva”, indo em seguida para a região do Rio Araguari, através da estrada que posteriormente se tornaria a BR-156.

Enquanto o Presidente Costa e Silva acompanhava o andamento das obras da futura hidrelétrica do Paredão, o então Ministro do Interior (que também estava na comitiva presidencial) Dr. José Costa Cavalcanti seguia com alguns assessores para a localidade de Santana, onde pôde inspecionar alguns empreendimentos existentes, como o funcionamento de um novo maquinário da fábrica de compensados da Brumasa.

Nas instalações da mineradora ICOMI, o ministro participou de um almoço com a diretoria da empresa e depois conheceu detalhes do processo de embarque do minério de manganês em um cargueiro que estava atracado naquele cais portuário.

Aproveitando as cordiais presenças no Território, a diretoria icomiana colocou em funcionamento um interessante veículo para servir de apoio em sua linha de transportes de embarque ferroviário: o Caboose seria um vagão adaptado para transportar somente pessoas do primeiro escalão da mineradora, contendo poltronas confortáveis para uma visão panorâmica da paisagem interiorana do Amapá.

A viagem inaugural desse vagão foi justamente realizada com a presença do ministro Costa Cavalcanti, que deixou o Porto de Santana às 14 horas daquele mesmo dia (12), chegando à vila de Serra do Navio por volta das 21 horas, onde ali já se encontrava o Presidente da República e sua comitiva, na qual pernoitaram após participarem de um jantar dançante organizado pela ICOMI.