Vista aérea do bairro Novo Horizonte (Santana-AP), onde destacamos o complexo industrial da empresa Amcel.
Em meados da década de 1960, já se podia observar algumas casas espalhadas nas proximidades da Paróquia Nossa Senhora do Perpétuo Socorro, em Santana, que formavam uma das inúmeras comunidades que depois se tornaria um dos bairros mais antigos da cidade portuária do Amapá. No local havia apenas um velho cemitério na beira do rio Amazonas que logo foi substituído por um novo em junho de 1977, época em que a Portobrás obteria grande parte de uma área nas margens do rio. O local era conhecido como “Vila Kutaca” ou “Confusão”, devido ao desordenamento de casebres que se espalhavam entre a atual Rua Cláudio Lúcio Monteiro e o prédio do Fórum de Santana.
Em maio de 1978, o então Governo Territorial do Amapá (diga-se o Capitão de Mar-e-Guerra Arthur Henning), juntamente com a Prefeitura de Macapá (seu conterrâneo Cleiton Figueiredo), remanejam 428 famílias que moravam nessas áreas da Vila Kutaca, bem nas imediações do rio Amazonas, para ali ser construído o futuro Porto Comercial de Macapá. As famílias retiradas foram transferidas para uma nova área inserida aos arredores da Vila Dr. Maia, que depois seria denominada de bairro “Nova Brasília”, por se tratar de projeto vindo da capital Federal do Brasil. Somente nessa retirada, o Governo do Amapá gastou em torno de CR$ 7 milhões de cruzeiros.
O Surgimento – Em meados de 1988, alguns casebres começavam a surgir novamente em uma pequena travessa (que hoje é denominada Travessa Odércia Marques Pereira), ficando espalhados em becos de passagem, sendo até difícil o tráfego de veículos e pedestres pelo local.
Com a emancipação política de Santana e a eleição de Rosemiro Rocha para o cargo de prefeito de Santana, o mandatário solicitou junto à então Secretaria Municipal de Obras e Serviços Públicos (SOSP) que elaborasse um projeto para a desapropriação e ocupação de uma nova área para aqueles que residiam na já conhecida região do bairro “Novo Horizonte”, nome este colocado por pessoas que possuíam casas ao lado do antigo cemitério, quando ali também chegou a ser pouco chamada de “Vila Tumucumã”.
Em 22 de novembro de 1989, técnicos enviados pela SOSP/PMS começaram a intervir no local. Com o total apoio da comunidade residente, 15 servidores municipais e máquinas, foi procedida a retirada de 135 casas de madeira e a remoção de outras 83 armações que seriam transferidos para lotes definitivos e padronizados (com implantação de ruas e avenidas).
De acordo com a Prefeitura, o trabalho de urbanização do novo bairro santanense beneficiou cerca de 400 famílias carente que haviam inicialmente invadido uma área de 389m². para garantir a autonomia pública da área, o prefeito Rosemiro Rocha sancionou a Lei Municipal nº 024/89-PMS, que autorizou o Poder Executivo a tornar de utilidade pública a extensa área, na qual media 22.100m², limitando-se a leste com a cerca da Marinha, a Oeste com o Igarapé do Cemitério, ao Norte com o braço direito do Igarapé do Cemitério e ao sul com o rio Amazonas, ressalvadas somente as área da Marinha. Após quatro meses de intensos trabalhos (concluídos em 07 de abril de 1990), a Prefeitura de Santana totalizou a existência de quase 550 pessoas.
Vale ressaltar que, em 10 de abril de 1988, um grupo de moradores residentes nesse vilarejo de casas, se reuniu e fundou a Associação de Moradores do Bairro Novo Horizonte, elegendo o Sr. Osvaldo Nunes Guimarães como seu 1º Presidente. Porém, esta instituição não-governamental ficou sem realizar qualquer atividade social por quase 03 anos, sendo novamente reorganizada em 12 de fevereiro de 1994, agora na presidência de Henrique Miranda da Silva.
Benefícios Sociais – Até 1993, o bairro Novo Horizonte não possuía qualquer estabelecimento de ensino para orientar na educação dos filhos dos moradores, até que o então governador do Amapá, Comandante Anníbal Barcellos entregou, em 02 de julho de 1993, a sua 1ª instituição de educação do bairro, denominada “Pré-escolar Novo Horizonte”, que começaria atendendo 246 alunos distribuídos em 11 turmas de educação infantil. Somente em 1995, a escola passaria a lecionar o Ensino Fundamental e receberia o nome de “Escola Estadual Maria Catarina Dantas Tiburcio”, homenagem a uma grande educadora que residiu próximo da Paróquia Nossa Senhora do Perpétuo Socorro.
Em 18 de março de 2008, é inaugurada a Escola de Educação Básica “Benedito de Jesus Cardoso”, que atende hoje cerca de 170 crianças na faixa etária de 03 a 05 anos.
Com o passar dos anos, o bairro foi ganhando maior atenção das autoridades políticas e privadas, sendo que atualmente possui uma arena de futebol medindo cerca de 220m² (construída em 2007 pelo Governo Estadual) e a adaptação de uma nova escola para o bairro, sem deixar de falar que nele estão situadas algumas empresas como a Amcel, a Frimap, a Mineração Vila Nova e a Companhia Docas de Santana (CDSA).
Para aqueles que residem há pelo menos duas décadas em um dos bairros mais conhecidos de Santana, pode-se dizer que ele não apenas convivem com a carência de melhor atenção do Poder Público, mas possuem consigo um pedaço da história de construção de um lugar que espera mais que novas soluções para o bairro que chamam de “Novo Horizonte”.
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