Possuindo um incomensurável acervo de informações históricas, passando de 11 mil assuntos (entre eles, mais de 300 dados biográficos de pioneiros santanenses e mais de 500 fotos históricas que registram o crescimento demográfico e social da cidade portuária do Amapá).



quinta-feira, 1 de março de 2012

Cumaú: a lendária e pioneira fortificação do Amapá

Foto histórica da Fortaleza de São José de Macapá, a segunda fortificação construída após a demolição do Forte de Cumaú.

O interesse de países europeus em colonizar o que hoje são terras amapaenses registra-se no início do século XVII. Os principais grupos de invasores eram formados por britânicos (Inglaterra) e holandeses.

Entre as diversas fortificações construídas por esses invasores destaca-se o Forte do Cumaú (Camaú), localizado na Ponta da Cascalheira, à margem esquerda do Rio Amazonas, na antiga Província dos Tucujus, cerca de 15km de Macapá, atual Estado do Amapá.

Uma Companhia inglesa presidida pelo Duque de Buckingham, envia à região do Rio Amazonas uma pequena expedição comandada por Roger Fray que, em 1632, chega à foz do Amazonas, vindo a construir um reduto fortificado, denominado Forte de Cumaú, artilhado com sete peças.

Esta fortificação foi erguida com a ajuda de índios Nheengaybos, Aruans e Tucujus, e destinava-se ao armazenamento de drogas do sertão (gêneros de consumo alimentício).

Com a reação luso-brasileira devido às constantes invasões estrangeiras na região amazônica, um grupo contendo viajantes indígenas e europeus, constituídos em uma nau (pequena catraia) e dois patachos (embarcação maior), se dirigem ao Forte de Tauregue (erguido no baixo Rio Vila Nova), mas logo são informados do domínio desse Fortim, obrigando os viajantes europeus a retornarem à Inglaterra.

No entanto, um dos patachos, que levava em torno de 40 tripulantes (em sua maioria, doentes) dirigia-se ao Forte de Cumaú na tentativa de obter auxílio.

Informado dessa movimentação, o Capitão-mor Feliciano Coelho de Carvalho instrui os capitães Ayres de Sousa Chichorro e Pedro Baião de Abreu que, à frente de um destacamento com 30 soldados e 250 índios flecheiros tucujus, seguiram em canoas ao Fortim.

Em 09 de julho de 1632, o Capitão Pedro Baião, com 10 soldados e todos os índios flecheiros atacaram o Forte de Cumaú e em poucas horas obtém a rendição do mesmo, na ausência do Capitão Ayres de Chichorro que ficou incumbido de informar da situação a Feliciano Coelho.

No domínio do Cumaú, percebeu-se que seu Comandante, Roger Fray, na o se encontrava na fortificação, ou seja, no dia anterior, havia deixado o local em uma pequena nau, seguindo em busca de um reforço de 500 homens que viriam da Inglaterra, ajuda pela qual jamais chegou.

Sem saber que seu Forte havia sido dominado por forças estrangeiras, Roger Fray retorna em sua nau. Porém, no dia 14 de julho (1632), no litoral amapaense, o Comandante inglês é abordado pelo Capitão Ayres Chichorro, onde travam uma violenta luta, culminando na morte em combate do Comandante Roger Fray. Com esse episódio, encerram-se as pretensões britânicas de estabelecer-se na Amazônia, em especifico, sob terras amapaenses.

Ao receber tais informações do ocorrido, o Capitão-mor Feliciano Coelho ordena que o Forte de Cumaú seja destruído, juntamente com sua artilharia, inclusive a nau de guerra adquirida pelo Comandante do Fortim durante seus poucos contatos com a civilização amazônica.

No ano seguinte (1633), as autoridades luso-brasileiras são informadas de que o Comandante Roger Fray recebia constantes materiais de guerra (munição, armamento), enviados pelo Conde de Brechier, da Inglaterra, na qual pretendia, à sua custa, fundar uma povoação inglesa nos arredores do Forte de Cumaú.

Já o Capitão Ayres de Sousa Chichorro, por sua vez, em 17 de março de 1637, foi promovido pelo Governo do Grão-Pará ao cargo de Capitão-mor por ato de bravura e coragem na retomada do Forte de Cumaú.

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