Possuindo um incomensurável acervo de informações históricas, passando de 11 mil assuntos (entre eles, mais de 300 dados biográficos de pioneiros santanenses e mais de 500 fotos históricas que registram o crescimento demográfico e social da cidade portuária do Amapá).



segunda-feira, 11 de junho de 2012

Registros Inicias do Futebol Santanense


Oficialmente, o Santana Clube (foto) seria na verdade a segunda entidade futebolística a surgir no município, seguida do Porto Esporte Clube, que durou pouco mais de três anos.

Com a instalação da Indústria e Comércio de Minérios Ltda (ICOMI), no final da década de 1940, objetivando explorar e exportar o minério de manganês situação na região de Serra do Navio, a pequena vila situada em frente à Ilha de Santana começaria a expandir-se aceleradamente, dando início a um povoado que levaria o nome daquela ilha. 

Na carência de entretenimento e outros fatores na diversão, não demorou a se formarem as primeiras agremiações esportivas na região que entrassem para a história santanense. 

Entre os primórdios do esporte local, registra-se em alguns documentos da extinta Prelazia de Macapá (hoje Diocese de Macapá), que havia no Orfanato “São José”, erguido na Ilha de Santana, um time de garotos, comandados pelo Padre Simão Corridori, que jogavam futebol contra os times infanto-juvenis das ilhas circunvizinhas. Porém, nada foi registrado oficialmente sobre a criação de uma entidade esportiva vinculada à esses garotos órfãos. 

No entanto, existiu uma agremiação esportiva que marcaria a história do futebol santanense, que, mesmo em pouco tempo de existência, deixou um importante registro para as gerações futuras do nosso esporte. Refiro-me ao Porto Esporte Clube. 

Fundado em 02 de abril de 1950, seu primeiro presidente foi João de Souza Madeira. Historicamente, é considerada a primeira agremiação desportiva do futebol santanense, vindo a ser formada por trabalhadores lotados na Serraria do Sr. José Antônio Contreiras (que estava situada na Ilha de Santana) e alguns operarios que estavam responsáveis pela montagem do futuro porto de embarque de minérios da ICOMI. 

O objetivo que levou à constituição desse clube estava bastante ligado aos horários de folgas que os referidos trabalhadores possuíam, na qual aproveitavam para dividir entre a família e uma partida de futebol, disputada entre os serralheiros do Sr. Antônio Contreiras e os operários contratados da ICOMI para montagem do Porto Industrial de Santana. A ideia de unificar os dois rivais partiu do eletricista José Carlos dos Santos, que trabalhava na construção do cais da ICOMI e notou a importância que teria se as duas vilas (Ilha de Santana e Porto de Santana) formassem apenas um time de futebol. 

Em dezembro de 1950, o então Governador do Território do Amapá Capitão Janary Nunes fez uma ligeira visita ao canteiro de obras do Porto de Santana e pôde conhecer o recém-criado Porto Esporte Clube (PEC), na ocasião em que inaugurava um alojamento e um refeitório para os trabalhadores da ICOMI. No início de 1951, o PEC participou de seu primeiro jogo oficial contra o Esporte Clube Macapá, mas acabou perdendo por 2 a 1. Jogavam pelo PEC: ZÉ Boquinha, Augusto, Madureira, Vicente, Romão, Lemos, Rato e Preto. 

Não se tem muitas informações sobre a existência desse clube, mas sabe-se que em fevereiro de 1952 jogou no Campeonato Amapaense de Futebol, mas não se classificou para a Segunda Rodada devido baixos pontos de marcação. 

Os últimos dados históricos registram que o PEC deixou de existir em 1953, logo após o início da construção oficial da estrada de ferro ligando as minas de manganês ao Porto de Santana, o que centralizou a atenção total dos trabalhadores da ICOMI para esta etapa das obras do cais de embarque. Somente dois anos depois, que viria a surgir uma nova entidade esportiva na região, que seria o Santana Esporte Clube, fundado em 25 de setembro de 1955.

A Esquecida Biblioteca Pública de Santana


Entregue à comunidade estudantil de Santana em 28.02.2000, a atual situação da Biblioteca Pública Municipal (foto) não se compara aos esforços feito por populares no passado e hoje vista pelo descaso do Poder Público.


A história do sistema bibliotecário de Santana teve início ainda no final da década de 1950, quando a empresa Indústria e Comércio de Minérios Ltda. (ICOMI) implantou suas duas primeiras escolas de ensino fundamental na vila de Serra do Navio e na Vila Amazonas (Santana). Em cada instituição, havia uma pequena biblioteca contendo cerca de 200 volumes que variavam entre História Contemporânea e Moderna e História do Brasil. Alguns livros também citavam obras de grandes literários e escritores da época como Manuel Bandeira, Mário de Andrade e Graciliano Ramos. A maior parte desse acervo de pesquisas foi adquirido pelo escritório central da empresa de mineração (a ICOMI) em Belo Horizonte (MG), que ali realizou um “mutirão” para angariar tais livros entres seus funcionários e colaboradores. 

Em paralelo, na pequena vila operária – que depois se tornaria a famosa “Vila Dr.Maia” – também havia um humilde educandário que funcionava em anexo com a Igreja Nossa Senhora de Fátima e Sant’anna, que possuía apenas duas salas de aula, sem qualquer outra infraestrutura para sequer manter um espaço para reunir o corpo docente (que na verdade tratava-se de uma professora cedida pela Prefeitura de Macapá, auxiliado pelo pároco da Igreja local, Padre Ângelo Biraghi), ou para o lazer de quem estudava naquele local, diferente das instalações da Escola da Vila Amazonas (Esvam), que além de ter uma pequena sala para pesquisas, também tinha extensos corredores (cobertos) e uma área de recreação. 

Na década seguinte, o acervo de informações sobre Santana ganharia força com o lançamento da revista mensal “ICOMI Notícias” em janeiro de 1964, que reportava inúmeros fatos que ocorriam na empresa em relação ao setor administrativo, operacional, cultural e educacional, assim como também ilustrava com belíssimas fotos das paisagens envolta da pequena cidade portuária que se formava nas imediações da mineradora ICOMI. Durante seu período de circulação (que durou cinco anos ininterruptos), o informativo publicou fatos marcantes que entraram para os primórdios santanenses, como os primeiros passos para a implantação da empresa Brumasa (fábrica de compensados) a partir de 1965, a instalação de energia elétrica na Vila Dr. Maia e acompanhou o andamento para construção do Ginásio Municipal de Santana. 

No entanto, a necessidade maior de uma biblioteca pública em Santana começou a ter persistência na década de 1970, quando um grupo formado por professores das escolas Augusto Antunes e Amazonas estiveram presentes numa reunião com o então Governador do Amapá Capitão Arthur Henning (isso por volta de 1977) para proporem a instalação de um núcleo bibliotecário na Vila Dr. Maia com intuito de ajudar os estudantes que tinham o cansaço objetivo de deslocarem-se da vila de Santana a capital para buscarem fontes de pesquisa em seus trabalhos escolares. 

A tentativa dos professores não foi totalmente em vão, pois, o Governo Territorial contribuiu macicamente, doando cerca de 500 volumes de pesquisa para a biblioteca da Escola Augusto Antunes, que ficou sendo a principal referencia dos estudantes santanenses com relação à pesquisas escolares e correlatos. Em 1985, a pedidos da referida Escola, a Secretaria de Educação ampliou a sala de pesquisas e concedeu mais 140 livros, entre cartilhas infantis e enciclopédias. 

Quando Santana foi transformado em município amapaense em dezembro de 1987, a necessidade aumentou a partir do ano seguinte, quando um abaixo-assinado contendo cerca de 1.100 assinaturas de estudantes e professores foi enviada para o Palácio do Setentrião, onde descreviam no documento, a incansável persistência de uma entidade de pesquisa para o mais novo município do Amapá. 

Porém, os primeiros passos positivos aconteceu em 14 de abril de 1989, quando a Câmara de Vereadores de Santana aprovou o Projeto de Lei n.º 011/89, de autoria do vereador Diogo Ramalho, criando a Biblioteca Municipal de Santana. 

Em 1991, seu projeto de execução começaria a ser traçado quando o Ministério da Cultura enviou cerca de cinco mil livros (entre didáticos e coleções) para a Prefeitura de Santana, enquanto que o prédio para funcionar a futura Biblioteca pública de Santana estava sendo erguido em um terreno situado no cruzamento da Rua Ubaldo Figueira com a Avenida Antônio Nunes. Mas devido a carência de maiores recursos, a obra deu por ser paralisada ainda no início da administração do prefeito Geovani Borges (1993-1996). 

Acreditando que o Poder público Estadual assumiria a responsabilidade de concluir o futuro espaço, ainda houve a aprovação de uma Lei Municipal (092/92-PMS) que permitiu que a Prefeitura de Santana doasse ao Governo Estadual todo o acervo físico e cultural da instituição, esperando que fosse estruturada de maneira técnica e administrativa. Mais a tal atitude foi contrariada durante todo o ano de 1993 pela maioria dos vereadores da 2ª legislatura, que alegaram total descaso e intolerância por parte do Poder Estadual que se encontrava em desavenças político-partidárias com o Executivo Municipal, deixando até mesmo o Governo do Estado sem ação para agir em outras obras e programas sociais no município. 

Em março de 1994, o prefeito santanense Geovani Borges, com apoio de seu irmão (então) deputado federal Gilvam Borges esteve inúmeras vezes reunido na Capital Federal (Brasília-DF), buscando recursos viáveis para o andamento da referida obra, que ainda teve uma ligeira continuidade, mas novamente foi embargada ainda durante o levantamento dos alicerces laterais, somente retomando às obras em outubro de 1997, já na administração do prefeito Judas Tadeu Medeiros, que após retornar de Brasília (DF) conseguiu recursos federais para continuar com tal projeto cultural. 

Passado algum tempo, já por volta de junho de 1998, uma campanha coordenada por algumas escolas do Ensino Médio de Santana (entre elas, Barroso Tostes e Augusto Antunes), arrecadam cerca de 4 mil livros – entre revistas e jornais – que foram doados por pessoas anônimas e empresas instaladas no município, como a AMCEL, ICOMI, Frimap, Fundação de Assistência Social do Amapá e outras. 

A Conquista – Após uma emenda parlamentar apresentada no Senado Federal (DF) pelo então Senador amapaense Sebastião Rocha (PDT), foi possível que a Prefeitura de Santana procedesse as obras de construção do prédio da Biblioteca Municipal da cidade, na qual havia somente alguns alicerces e pilares já levantados. 

Depois de algumas ligeiras paralisações, a obra foi finalmente concluída e solenemente inaugurada em 28 de fevereiro de 2000, denominada como “Biblioteca Pública Municipal de Santana”, contendo um acervo inicial de quase oito mil obras de pesquisas, retratando informações do período da Idade Média aos dias mais recentes, revistas didáticas e até fontes para nível superior. 

Através da Lei Estadual n.º 0533 de 23 de maio de 2000, o Governo Estadual ficou autorizado a equipar a Biblioteca Pública de Santana, contribuindo com a doação de móveis, ar-condicionado, sistema telefônico e tudo que fosse necessário para seu bom funcionamento. 

Em 05 de julho desse mesmo ano (2000), a empresa Amapá Celulose e Papel Ltda (Amcel) fez a doação de um acervo contendo 512 títulos para a referida Biblioteca, como parte do “Projeto Bibliotecas”, numa solenidade que contou com a presença de autoridades políticas e sociais de Santana. 

Sua estrutura – Situado numa área de quase 2.000m², o prédio da Biblioteca divide o espaço com o Núcleo de Produção Artesanal (que foi inaugurado em 2001), onde produtos fabricados manualmente (sob efeito de artesanato) são comercializados. Neles estão produções como cestas enfeitadas, bolsas, miniaturas de embarcações marítimas (barcos). 

O complexo bibliotecário também possui um auditório contendo cerca de 250 lugares, onde ali esteve funcionando um cinema popular (no período de 2001-2002), onde foram exibidos grandes produções cinematográficas como “Harry Potter” e “Senhor dos Anéis”. 

Em 30 de março de 2006, a estrutura da biblioteca passou por uma ampla adaptação, passando a acolher um projeto cultural desenvolvido diretamente pelo Ministério da Cultura, denominado "Casa Brasil", que ficou funcionando gradativamente até meados de 2009, quando o auditório teve que ser desativado para passar por pequenos reparos. 

A falta de atenção do Poder Municipal levou a instituição a fechar suas portas para reformas físicas por tempo indeterminado. Houve uma tentativa de reabrir a Biblioteca Pública de Santana, em junho de 2010, agora sob a direção da professora Elizia Almeida, que na época ainda conseguiu efetuar um levantamento do material existente no local e apurou ainda haver pouco mais de 1.500 registros (entre enciclopédias, cartilhas didáticas e livros de ensino superior). Por determinação da Secretaria Municipal de Educação, que respondia pela sua coordenação, a Biblioteca santanense foi novamente fechada, dessa vez sem previsão de reativação. 

Em recente visita realizada nas instalações do prédio da nossa Biblioteca (em maio de 2012), pude constatar pessoalmente a lamentável situação que sua estrutura vem sofrendo pelo descaso público: janelas quebradas, paredes deterioradas, infiltrações pelos telhados e não havendo sequer corpo administrativo para dirigir a entidade, que agora encontra-se fechada para o público estudantil que tanto lutou pela aquisição de um espaço dedicado à pesquisa e leitura dos amantes dessa parte da nossa cultura.