Possuindo um incomensurável acervo de informações históricas, passando de 11 mil assuntos (entre eles, mais de 300 dados biográficos de pioneiros santanenses e mais de 500 fotos históricas que registram o crescimento demográfico e social da cidade portuária do Amapá).



quinta-feira, 29 de dezembro de 2011

Avenida Santana: História e polêmicas

Ao lado, estátua de Santa Ana, na entrada da cidade, inaugurada em 26.07.1999, simbolizando a religiosidade local e marco de polêmicas no passado.




Foi na manhã do dia 04 de novembro de 1966 que as Avenidas Santana e Amazonas foram entregues aos moradores da vila portuária de Santana, contida de pouco mais de 10 mil habitantes.

Construídas através de uma parceria entre a Prefeitura de Macapá e a Indústria e Comércio de Minérios Ltda (ICOMI), as duas avenidas se tornariam as principais vias de acesso que interligariam dois núcleos urbanos que se expandiam na região: a Vila Dr. Maia com a Vila Amazonas (esta pertencente à ICOMI).

A obra foi iniciada em meados de 1965 quando somente havia um pequeno caminho estreito que começava no portão industrial da mineradora ICOMI e seguia até o seu conjunto habitacional (Vila Amazonas), enquanto que outro caminho já dava acesso terrestre com os moradores da Vila Dr. Maia.

Vendo esse descaso, a Prefeitura Municipal de Macapá iniciou um projeto de terraplanagem que ampliaria essas duas vias, onde também aproveitou para efetuar a instalação de um sistema de iluminação pública nas referidas avenidas. Na solenidade inaugural, estiveram presentes autoridades políticas e sociais do município de Macapá e respeitosas personalidades da mineradora para entrega da obra. A conclusão indicou a terraplanagem e urbanização de 1,5km da Avenida Santana e 2,2km da Avenida Amazonas, sendo que a última recebeu uma urbanização mais considerável por se tratar do acesso às instalações residenciais dos trabalhadores da ICOMI.

Em 1989, já sob a recém-instalada administração municipal de Santana, o então prefeito Rosemiro Rocha, fez novos serviços de terraplanagens nas duas vias e posteriormente inaugurando-as. Porém, em setembro de 1996, a tradicional Avenida Amazonas passou a ser chamada de Rua Cláudio Lúcio Monteiro, homenageando um dos pioneiros da sociedade santanense. Vale ressaltar que a Avenida Amazonas também era conhecida como Rua Fellinto Muller, numa justa homenagem a um conhecido senador Frances que morreu em um acidente aéreo em 1973. Mas atualmente o logradouro acabou se popularizando com o nome do pioneiro Cláudio Lúcio Monteiro.

A Polêmica mudança do nomeclatura – Em julho de 2005, o vereador santanense Cabral Tork (PMDB) apresentou um Projeto de Lei (PL) que alterava o nome da Avenida Santana para Avenida Miguel Pinheiro Borges, numa atitude legislativa que causaria grande repercussão e criaria polêmica para as lideranças católicas do município, que fielmente devotando por aquela santa protetora.

E depois de um curto embate com a igreja católica, o prefeito de Santana Antônio Nogueira atendeu a um novo pedido da Câmara Municipal, revogando a Lei recém-sancionada com a nova denominação, que tentava homenagear o pioneiro Miguel Pinheiro, um cidadão que muito contribuiu para o desenvolvimento do município.

O veto somente aconteceu depois que diversos setores da Igreja Católica se manifestaram contra a mudança da nomenclatura de um dos logradouros mais antigos da cidade, uma vez que Santa Ana é a padroeira do povo santanense.

Segundo o autor do PL municipal, vereador Cabral Tork, a intenção era somente prestar uma justa homenagem ao citado pioneiro amapaense. Aprovado o PL, a reação da igreja foi imediata. Os padres Premolini Pulidindi, Innocente Bentoglio e Domingos Franzes, além de diretores de pastorais e pessoas influentes da comunidade católica, enviaram um documento ao prefeito Nogueira, questionando o projeto e afirmando que a mudança foi feita sem qualquer consulta à igreja e que aquela decisão política estava sendo considerada uma afronta aos devotos de Santa Ana.

No documento enviado ao Executivo, os padres afirmaram ainda, que, embora Miguel Pinheiro fosse reconhecidamente um pioneiro importante em nível econômico e social do município, existia outras avenidas, ainda sem denominação, além de logradouros e prédios públicos, que podem levar seu nome como forma de merecida homenagem.

Ao final do dito ofício, os religiosos ameaçaram com ato público contra o prefeito e todos os vereadores, caso não houvesse a revogação do PL.

Após receber a correspondência, Nogueira deu início à busca de uma solução para o impasse, explicando à igreja que, como gestor, não cabia a ele a denominação de ruas e avenidas, mas sim à Câmara Municipal e que, para haver uma mudança no projeto, seria necessário uma ação do legislativo, no sentido de aprovação, por maioria qualificada (na época, teria que ser aprovado por 07 vereadores). Sendo assim, o prefeito entrou em contato com o autor do projeto, o vereador Cabral Tork, onde expôs o problema.

Em sua concepção, vereador Tork explicou que ao mudar a denominação da Avenida Santana para Miguel Pinheiro Borges, não teve a intenção de desmerecer a padroeira da cidade, mas apenas homenagear um pioneiro amapaense. Tork também informou não constar nenhum registro nos anais do legislativo santanense, que oficializasse a denominação da Avenida Santana, sendo que daí pensou em elaborar um projeto de lei, que revogaria o nome anterior da avenida (Santana), o que foi aprovado pelos vereadores.

Tanto Cabral Tork quanto o prefeito Antônio Nogueira foram unânimes em reafirmar a importância de Miguel Pinheiro e de sua família para o desenvolvimento do município de Santana, ressaltando ele ser merecedor de diversas homenagens que possam mantê-lo vivo na lembrança do povo, e com isso, decidiram citá-lo com um nome batizado no Complexo administrativo da Companhia Docas de Santana.

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