Se existe um cidadão na história do município de Santana, que muito contribuiu em diversas áreas da nossa sociedade, podemos dizer que ele se chama Ângelo Biraghi, um padre italiano que residiu no Amapá por mais de duas décadas e ajudou no crescimento, desempenhando trabalhos assistenciais em prol de pessoas mais necessitadas e ampliando trabalhos ligados à sua doutrina.
Nascido em 22 de janeiro de 1925, na região de Concorezzo (Milão), Ângelo Biraghi recebeu as vestes sacerdotais no Pontifício Instituto de Missões Estrangeiras (Pime) ainda jovem, por influência de sua mãe, uma devota bastante ligada ao catolicismo romano.
No final de 1954 foi designado para o Brasil, ficando na cidade carioca (Rio de Janeiro) por alguns meses e posteriormente recebeu ordens do Vaticano (Itália) para seguir para a região amazônica, chegando à capital do então Território Federal do Amapá na manhã do dia 18 de agosto de 1955, onde logo passou a exercer atividades religiosas na Pastoral Paroquial que funcionava em anexo com a Prelazia de Macapá.
Merecem ser registrados os seguintes serviços prestados pelo Padre Ângelo Birahi em Território amapaense, destacando: Construção da 1ª capela da Vila Dr.º Maia, em Santana (1957), dedicada à Nossa Senhora de Fátima e Santa Ana; Construção da 1ª Capela da vila de Porto Grande (1958), onde ali organizou os primeiros arraiás da localidade (1958); Construção da Paróquia Nossa Senhora do Perpétuo Socorro, nas proximidades da Vila Amazonas (1ª Paróquia de Santana), onde também foi vigário, encarregado e Capelão desta paróquia (1961); Construiu a Igreja dedicada à Nossa Senhora do Perpétuo Socorro, situada no Igarapé das Mulheres (Macapá), que foi definitivamente inaugurada pelo Bispo Prelado de Macapá Dom José Maritano, em 27 de junho de 1970; inaugura a Capela de Santa Maria na Vila Maia (Santana); Construiu e inaugurou a Capela da Colônia do Matapí, levantando duas igrejas nas Linhas “A” e “B” (Porto Grande); Constrói uma capela-escola no lugar chamado “Capivara” (Serra do Navio); inicia a construção de uma capela no lugar “Arrependido” (Pedra Branca); constrói a 1ª capela da localidade de Pedra Branca e capela de São Sebastião no lugar denominado “Munguba” (km 130 da estrada de ferro).
Para muitos que não sabiam, Padre Ângelo foi quem idealizou a implantação da 1ª Escola Paroquial de Santana (em 1962), que funcionava ao lado do canteiro de obras da futura Paróquia de Nossa Senhora do Perpétuo Socorro (atual Escola Estadual Simão Corridori), também estando presente na formulação catequética de todas as igrejas e capelas católicas em Santana até 1985.
Não deixaria de citar sua importante participação nos eventos esportivos realizados nas vilas Maia e Amazonas, sendo ele o grande precursor na fundação do Independente Esporte Clube (em janeiro/1962), onde ali recebeu diversas honrarias por sua atuação técnica neste clube. Era comum encontrarmos artigos de sua autoria nas edições semanais do jornal “A Voz Católica” (1959-1974), onde descrevia com entusiasmo o cotidiano do povo santanense, explanando os principais acontecimentos da cidade e debatendo os problemas ali existentes.
Seu envolvimento religioso e social com o povo amapaense fez com que o padre passasse mais tempo no Brasil que em sua terra Natal (Itália), tanto que foi um dos últimos religiosos que solicitou férias para retornar ao seu país, fato este que pode ter contribuído para seus futuros problemas de saúde.
Ainda tive a ligeira oportunidade conhecê-lo quando participei de dois batizados que ocorreram no final de 1985, na Paróquia de Nossa Senhora do Perpétuo Socorro, em Santana. Com aparência mais envelhecida e diversos cabelos brancos, Padre Ângelo já demonstrava cansaço físico em seu modo de andar e falar. Subia o altar com auxílio com apoio do Irmão Mazzoleni e procurava falar apenas o necessário para os devotos presentes.
Por um leve descuido foi acometido de gripe no início de 1986 e logo depois pegou malária, o que lhe obrigou a ser internado no Hospital Geral de Macapá por algumas vezes, sendo que na última internação (ocorrida no final de maio de 1986), levou seus devotos a se preocuparem com sua possível partida, o que infelizmente veio a atingir o povo amapaense na manhã do dia 07 de junho, quando anunciaram seu brusco falecimento por uma dessas moléstias tropicais da nossa região, mas deixando um legado de trabalho que hoje conhecemos.
Para homenagear esse religioso, o Poder Municipal de Macapá batizou a 1ª escola primária do bairro Jardim Paraíso como Escola Municipal de 1º Grau Padre Ângelo Biraghi.
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