Possuindo um incomensurável acervo de informações históricas, passando de 11 mil assuntos (entre eles, mais de 300 dados biográficos de pioneiros santanenses e mais de 500 fotos históricas que registram o crescimento demográfico e social da cidade portuária do Amapá).



quinta-feira, 8 de março de 2012

A Presença assistencial da mulher na história de Santana


Em meados da década de 1960, era bem comum que grande parte da classe feminina se encontrassem em locais como supermercados ou reuniões comunitárias, onde colocavam em dia suas conversas e experiências de vida. (Local: Supermercado da Vila Amazonas, 1965)


Durante os anos iniciais que a mineradora ICOMI passou a exportar nossa principal riqueza mineral (manganês), ainda no final da década de 1950, o número de mulheres que integravam o quadro funcional da mineradora era bem pequeno. Dos mais de 1.200 empregados distribuídos nos escritórios de Serra do Navio e Santana, não chegada a 10% o quantitativo de mulheres lotadas na mineradora, e assim mesmo, elas estavam restritas em apenas duas funções: ou estavam nas enfermarias dos hospitais da empresa, ou lecionavam em uma das escolas primárias das vilas operarias da ICOMI.

Quem freqüentou o educandário da Vila Amazonas há mais de meio século deve se lembrar de nomes inesquecíveis de suas renomadas professoras, que vinham diretamente contratadas do Sul e Sudeste do país: era Ida Rossi, Aparecida Arruda, Lúcia Villa-lobos, Lídia Gomes e muitas outras pedagogas que ajudariam na formação de centenas de futuros cidadãos amapaenses.

Mas não era apenas naquele conjunto habitacional de primeiro mundo que boas educadoras escreveriam seus nomes na história da educação santanense. Em um lado suburbano e menos favorecido (diga-se ao conglomerado de casebres de madeira que originaria a histórica “Vila Maia”), encontraríamos outras humildes mulheres que também lecionavam para um grupo incontável de crianças de diversas faixa-etárias, que freqüentavam diariamente uma pequena casa de madeira construída ao lado do salão paroquial da única Igreja Católica daquele vilarejo próximo da ICOMI.

Essas desbravadoras que arregaçavam as mangas para educar os inúmeros filhos dos operários icomianos nos lembram o nome de conhecidas instituições públicas de ensino de nossa cidade: Iranilde Ferreira, Ilnah Souza, Maria Colares, Damariis Pestana, Raimunda Oliveira e até Elizabeth Esteves. O nome da lendária professora Gentilla Nobre não é familiar?

Mesmo separadas pela desigualdade sócio-educacional, essas maravilhosas criaturas do chamado “sexo frágil” tinham algo em comum: buscavam serem unidas pelas causas humanitárias e ao assistencialismo dos mais carentes. Um fato claro desta atitude viria por um grupo de mulheres, em sua maioria, esposas de funcionários do alto escalão da ICOMI, que criariam a Associação das Senhoras da Vila Amazonas (ASSVAM), numa importante reunião organizada somente por mulheres da Vila Amazonas, e oficializada em 20 de fevereiro de 1963.

Sua primeira diretoria estaria constituída por Edmilsen Pessoa (Presidente); Gilda Stevens (vice-presidente); Petronilha Olliani (tesoureira); Maria da Glória Mercer (assistente social); Wilma Fróes Alves (diretora social); e Herta Butschowtiz (secretaria).

Vale ressaltar que Herta Butschowtiz (que também integrava a diretoria da ASSVAM) foi quem idealizou o primeiro grupo de escoteiras bandeirantes de Santana, em 1964, denominado de Companhia “Alice Déa Nunes”, na qual ficou sob seus cuidados até 1975, quando sua família se mudou para o Rio de Janeiro (RJ).

Mas ainda com relação à ASSVAM, essa entidade sem fins lucrativos se tornaria um marco na realização de ações sociais que beneficiariam dezenas de famílias carentes, chegando até mesmo a enfrentarem o preconceito da classe masculina quando tentavam formalizar sua autonomia institucional. Foi através das ações da ASSVAM que o Padre Ângelo Biraghi conseguiu manter moralmente o funcionamento da Escola Paroquial de Santana em seus primeiros anos (ainda na década de 1960), quando aquele estabelecimento primário nem sequer tinha estrutura física para funcionar, sendo que a ASSVAM promoveu 02 bingos na Vila Amazonas para arrecadar fundos que serviram para a construção das 04 primeiras salas de aula da escola que hoje conhecemos como Escola Estadual Padre Simão Corridori.

Comovidas pela mesma razão, um grupo de mulheres também se reuniu na distinta Vila Maia e, em maio de 1969, fundaram o Grupo de Senhoras e Mães da Vila Maia, que elegeu a professora Gentilla Nobre para ser a primeira presidente. Assim como a co-irmã da vila operária da ICOMI, o Grupo da Vila Maia reteve seu trabalho voltado para a sociedade menos assistida, onde realizaram eventos (rifas, bingos) para a reforma das escolas Barroso Tostes e o pequeno Grupo escolar que funcionava na Ilha de Santana, assim como desenvolveram diversas campanhas de vacinação de crianças e adultos em visitas feitas nas comunidades adjacentes, como na Vila Toco, Vila Daniel, Toquinho, Duplex, Matadouro, Fortaleza e Ucuúba.

Por infelicidade do destino, essas duas entidades assistenciais de Santana só puderam se encontrar formalmente por uma única vez, isso em dezembro de 1970, quando foram incumbidas se organizarem os festejos de final de ano de seus vilarejos que, apesar de terem uma grande diferença em suas estruturas sociais, conseguiram marcar uma audiência com o governador do então Território Federal do Amapá General Ivanhoé Martins e pediram o apoio do Executivo para a decoração natalina das vilas Maia e Amazonas e aquisição de brindes e brinquedos a serem distribuídos durante as festividades. Os pedidos foram todos atendidos.

Na atualidade – Com o desaparecimento dessas duas entidades filantrópicas, outros grupos formados somente por mulheres surgiram na cidade de Santana, seriam Associações de donas-de-casa, Associação de Mulheres de bairro e até Grupo Fraternais de Mulheres religiosas que organizam caminhadas anuais no combate à violência contra a Mulher, mas porém, nenhuma dessas entidades deixa de acreditar em seus objetivos e já puderam levar seus nomes para a história do nosso povo como figuras que contribuiriam maciçamente em diversos segmentos de nossa sociedade.

Abaixo, vemos o nome de algumas mulheres que já receberam reconhecimento junto à sociedade santanense pelo seus trabalhos que desenvolvem:

Na educação – Vera Figueiredo (professora), Antônia Guedes (professora), Izanete Santos (professora), Adrielly Ferreira (professora), Izabel Gomes (professora), Maria Clara (professora), Joanira Del castillo (professora), entre outras.

Na saúde – Kátia Nazaré Tabosa (médica e ex-secretária municipal de Saúde), Maria Tadeu (renomada farmacêutica falecida em 2011), Joana Aquino (ex-secretária municipal de Saúde), entre outras.

Na política – Oneide Gomes (professora e ex-vice-prefeita de Santana), Roseli Matos (Deputada Federal), Ester de Paula (ex-vereadora e ex-secretária Estadual de Assuntos para mulheres), Mira Rocha (Deputada Estadual), Marcivânia Flexa (professora e Deputada Federal).

Na cultura e comunicação – Elaine Araújo (cantora e ex-assessora de comunicação da PMS), Kátia Carvalho (jornalista de TV), Carol Machado (apresentadora de TV), Andreza Sanches (jornalista), Socorro Barros (jornalista), Cris Nobre (colunista), Célia Souza (jornalista), Keila Kendra (repórter de TV), e outras mais.

Em diversos setores da sociedade santanense – Adelaide Feitosa (presidente da CDL), Maria Nazaré Nogueira (líder comunitária), Maria Luiza Tavares (Casa da Amizade Santana), Ana Dias (líder comunitária), Marli Moura (1ª motorista de ônibus urbano de Santana), Roziclei Bezerra da Silva (1ª mulher-maquinista de trem do Amapá), Ana Sanches (Conselho Municipal dos Direitos da Mulher), Márcia Matos (CDSM), Irmã Aretuza (Casa da Hospitalidade), Jesuína Chagas (Cartório Oliveira), Tenente Marizete Góes (Polícia Militar de Santana), Darc Marques (Sebrae), Mônica Vieira (CMDCA), Alclinéia de Souza Góes (ALOSAD / Sebrae), Marian a Oliveira Alves (estudante santanense do Ensino Fundamental que representou o Amapá no Programa “Soletrando” 2011, da TV Globo), e outras grandes mulheres que infelizmente não pude recordar a tempo, mas que também merecem nossas congratulações nesta importante data.



Parabéns, mulheres santanenses!

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