Possuindo um incomensurável acervo de informações históricas, passando de 11 mil assuntos (entre eles, mais de 300 dados biográficos de pioneiros santanenses e mais de 500 fotos históricas que registram o crescimento demográfico e social da cidade portuária do Amapá).



quarta-feira, 17 de dezembro de 2014

O Retorno de Rosemiro Rocha à Prefeitura de Santana (2001-2004)


À frente da prefeitura, em 2001, Rosemiro Rocha foi quem coordenou na autonomia administrativa do Porto de Santana. 



Retornando ao cargo majoritário da Prefeitura de Santana, tendo como vice o prestigiado professor Redimilson Anselmo Nobre (1954-2013), o político amapaense Rosemiro Rocha Freires seria eleito com 10.886 de votos válidos nas eleições municipais de 2000, apresentando agora uma nova padronização em sua maneira de gestor municipal, onde daria andamento de inúmeras obras, também realizando concurso público que garantiria a convocação de mais de 600 servidores municipais. 

Reestruturou os principais centros de saúde da cidade (Elesbão, Paraíso, portuária e Centro) e construiu duas unidades de saúde novas (Fonte Nova e Igarapé do Lago), equipando com aparelhos modernos, implantando o “Disk Ambulância” e recebendo os primeiros 38 médicos cubanos que integrariam o Programa “Médico da Família”; fechou parcerias com o Governo Federal no Programa “Bolsa Família”, e na implantação do Programa de Erradicação do Trabalho Infantil (PETI), ambos trazidos à região pela então deputada federal Fátima Pelaes. 

No setor de transportes, conseguiu a ampliação dos coletivos urbanos de Santana, que era de seis (06) ônibus para doze (12), também colocando outra empresa para explorar o serviço na área urbana; isentou a taxa de cobrança no deslocamento de pessoas carentes para a Ilha de Santana; assim como acompanhou todo o processo de criação e instalação da Companhia Docas de Santana (CDSA). 

Rosemiro seria o primeiro prefeito santanense a reunir toda a Bancada Federal do Amapá, numa solenidade partidária no auditório do Fórum da Comarca de Santana em fevereiro de 2002. 

Entre as obras de grande relevância que foram entregues em sua gestão, se destacam: sistema de água tratada dos bairros Fonte Nova e Parque das Laranjeiras (2001), construção da Vila Olímpica (2001), do Centro de Reabilitação “Mário Tavares” (2002); do 1° Restaurante Popular do Estado, onde vendia refeição ao preço simbólico de R$ 1,00; a Fábrica de Polpas de frutas na Ilha de Santana (2003); construção de uma arena esportiva e uma praça, ambas no bairro Paraíso (2003); e reestruturação da Feira do Mete-a-Mão (2004).

terça-feira, 16 de dezembro de 2014

A Gestão Municipal de Judas Tadeu (1997-2000)


Prefeito Judas Tadeu Medeiros assinando convênio com o Governo do Amapá, em 1998, onde o Executivo municipal assumia os trabalhos de construção e pavimentação da Rodovia Juscelino Kubstcheck (Macapá-Fazendinha).


Eleito nas urnas com 11.823 votos durante as eleições de 1996, o ex-secretário municipal de saúde de Macapá e ex-vereador santanense, Judas Tadeu Medeiros (PSDB) teve uma disputa acirrada com o ex-prefeito Rosemiro Rocha. Na primeira semana como novo prefeito santanense, Tadeu Medeiros recebeu a visita do então governador do Amapá João Alberto Capiberibe (o mesmo que lhe deu apoio político nas eleições de 1996). Na ocasião da visita, o governador anunciou a doação de cerca de 30 toneladas de asfalto para o município de Santana, utilizado na chamada “Operação Tapa Buraco”. 

Sua administração iniciou com um trabalho em conjunto com a Secretaria de Estado do Meio Ambiente (Sema), efetuando a limpeza urbana e desratização do município. Fez um recadastramento de servidores, como parte do programa “enxugamento” da máquina administrativa, pois, havia constatado a existência de mais de 800 comissionados no quadro, onde muitos destes sequer exerciam atividades em alguma repartição do município, ou nem tinham procedência profissional com o cargo que foi nomeado. 

Entre os convênios sociais, a Prefeitura de Santana e a multinacional Champion Celulose assinaram um termo de parceria que viabilizou a urbanização da Avenida Santana (a principal da cidade). O acordo permitiu a revitalização noturna, cultural e turística da avenida, além de melhorar as condições de tráfego. 

No setor de infraestrutura, o prefeito Tadeu Medeiros voltou-se bastante para a área de urbanização e moradia, na qual entregou para dezenas de famílias carentes, títulos de morada no conjunto “Parque das Laranjeiras” (localizado no bairro Fonte Nova) em 1998, na qual estas famílias residiam anteriormente na área portuária de Santana. Efetuou abertura de várias ruas e interligou diversas travessas, como também asfaltou várias vias da cidade. 

Na saúde implantou o Programa “Saúde na Família” (PSF) que visa levar o atendimento médico para as residências; reformou 04 postos de saúde da área urbana e construiu outras 03 unidades básicas de saúde na zona rural, como também construiu o Centro de Diagnóstico da Mulher, este inaugurado em maio de 2000. 

Na área da educação, Tadeu Medeiros implantou 04 anexos de ensino fundamental, e entregou 05 escolas primárias (sendo duas creches); distribuiu 1.600 passes estudantis e implantou o primeiro sistema de bilhetagem eletrônica nos ônibus urbanos de Santana (sistema pioneiro em todo Estado do Amapá). Em 28 de fevereiro de 2000, inaugurou a Biblioteca Pública Municipal, na qual os estudantes santanenses já necessitavam de uma repartição voltada para a pesquisa e acervos públicos, fato este que se prolongou por mais de uma década na sociedade local. 

Durante sua gestão, Tadeu Medeiros se envolveu em 1999 numa polêmica religiosa: por ser um católico fervoroso, autorizou a construção uma estátua dedicada à Santa Ana na entrada da cidade, como forma de homenagear o povo católico de Santana. Porém, em virtude de ter erguido essa estatua, também teve que erguer um monumento para agradar a classe evangélica da cidade, construindo uma praça pública com uma Bíblia como símbolo do povo evangélico de Santana.

sábado, 13 de dezembro de 2014

A Primeira Gestão Municipal de Santana (1989-1992)


Rosemiro Rocha (esq.) ao lado do governador Anníbal Barcellos (meio) e da 1ª Dama Mariinha Barcellos, durante evento em Santana. (foto de 1991)


Após a promulgação do Decreto-lei n° 7.639 de 17 de dezembro de 1987, que elevaria o distrito de Santana à categoria de município do então Território Federal do Amapá foi necessário a realização de votos diretos para eleger um chefe executivo para o novo município amapaense. A população santanense teve sua primeira eleição municipal realizada no dia 15 de novembro de 1988, colocando na cadeira majoritária do Executivo Municipal o então vereador de Macapá Rosemiro Rocha Freires que, aos poucos, foi buscando simpatia de seu povo e desenvolvendo inúmeros projetos de infraestrutura e urbanização local. 

Categórico na função do Legislativo do Amapá desde 1982, Rosemiro assumiu o cargo de chefe do executivo municipal após uma tumultuada eleição que colocou o candidato Aroldo Góes (PFL) na 2ª colocação por uma minúscula diferença inferior a 500 votos. 

Em 1° de janeiro de 1989, o recém-eleito prefeito – que tinha como vice a professora Oneide Gomes da Silva – empossou seu secretariado executivo para coordenar sua administração, sendo assim os três primeiros secretários municipais: José Muniz Ferreira (Chefe de Gabinete), o advogado Edinardo Maria Rodrigues (procurador jurídico), e Sivaldo da Silva Brito (secretário administrativo de Finanças). Com menos de seis meses de posse na prefeitura, Rosemiro logo buscou apoio do então governador do recém-criado Estado do Amapá, Jorge Nova da Costa, com a aquisição de 03 veículos que serviriam para atendimento à população. 

Seu mandato ficou marcado por inúmeros fatos como a solenidade de inauguração da sede provisória da Câmara de vereadores de Santana, ainda no primeiro ano de sua gestão; assim como a iniciativa de reforma da Unidade Mista de Santana do município (atual Hospital Estadual de Santana). Sancionou e instalou os três primeiros distritos municipais, que foram: Igarapé da Fortaleza, Ilha de Santana e Igarapé do Lago. 

No início de 1990, a Prefeitura de Santana firmaria um convênio Federal no valor de quase CR$ 10 milhões de cruzeiros para a construção de dois centros de saúde (no distrito de Igarapé da Fortaleza e na Vila Daniel), recursos vindos por parte do Sistema Unificado de Descentralização da Saúde (SUDS); também inauguraria o posto de saúde da Área Portuária, que atenderia dezenas de moradores dessa região e da Ilha de Santana, como também o Centro de Saúde Alberto Lima. Essas obras foram todas entregues antes de meados de 1990. 

Devido certo crescimento populacional ocorrido após a elevação do município, Santana expandiu-se rapidamente, levando a recém-administração municipal a urbanizar bairros como o recente Novo Horizonte que, em menos de um ano de existência, já se constituía de cerca de 600 famílias. 

No curto governo de Gilton Garcia (de maio a dezembro de 1990), Santana ainda recebeu apoio para o melhoramento de sua infraestrutura, incluindo reformas em diversos prédios públicos (como a Câmara de Vereadores, a feira do produtor e a sede do executivo); também seria iniciada a construção do monumento simbólico no trecho circunferencial curvado ao lado do Quartel da Polícia Militar, dedicado ao lazer social dos munícipes, e em referência à exploração mineral que vinha sendo sua principal fonte econômica. 

Culturalmente, em sua gestão, patrocinou o primeiro “Carnaval de Rua” do município, que teve o apoio do Bloco do Povo, o mais antigo de Santana, onde estiveram presentes o Rei Momo (“Seu Alzo”) e a Rainha Momo (“Catola”). Instituiu os símbolos e o hino municipal, após realizar um concurso para a escolha destes. 

Em 1991, com o retorno do Comandante Anníbal Barcellos para o Governo do Amapá (agora eleito 1° governador pós-Estado), Rosemiro garantiu apoio financeiro para o setor de infraestrutura do município, efetuando abertura, terraplanagem e asfaltamento de diversas ruas e avenidas da cidade; construindo cinco novas escolas de ensino fundamental (sendo 03 na zona urbana e 02 na zona rural), com isso ampliando de 1.400 alunos primários em 1989 para 3.200 alunos em 1991; melhorando o fornecimento de energia elétrica para a Ilha de Santana (doando um gerador para a comunidade), e até colocando em funcionamento a Usina de Beneficiamento de Asfalto da Prefeitura. 

No setor econômico, Rosemiro investiu na adaptação de dois galpões para ali funcionarem a Feira do Produtor de Santana e outra servindo de Armazém para colonos; inaugurou a primeira Feira Municipal (conhecida como “mete-a-mão”); e acompanhou a instalação da Área de Livre Comércio de Macapá e Santana (ALCMS). 

Em dezembro de 1992, dias antes de deixar o cargo de prefeito, Rosemiro Rocha entregou cerca de 200 casas populares (de madeira), construída no recém-criado bairro do Provedor, situado atrás do Cemitério Municipal, para abrigar famílias carentes cadastradas pela PMS; também entregou a primeira etapa do Estádio Antônio Villela, o “Villelão”, uma das obras públicas jamais concluídas.

quinta-feira, 13 de novembro de 2014

O Lendário "Pedro Bala"



"Pedro Bala" se transformaria em um sinônimo de artilheiro para os anais do futebol amapaense.


Se existe um nome que atravessou diversas gerações da história do futebol amapaense por mais de meio século, se tornando um sinônimo de agilidade e destreza com uma bola nos pés, com certeza essa façanha foi marcada por um simples caboclo do Norte brasileiro batizado nesse mundo pelo codinome Pedro de Oliveira Gomes, que por aqui se encostou em meados da década de 1950 com intuito de trabalhar numa empresa que estava inicialmente implantando um ousado projeto de exploração e exportação de minério de manganês. 

Nascido na cidade paraense de Soure seguiu ainda na juventude para a capital (Belém-PA), indo morar na casa de um tio, onde logo adquiriu a técnica manual da fabricação de móveis e dirigir veículos pesados. Trabalhou por alguns meses na firma Mendes Construções que foi responsável pela pavimentação e asfaltamento do trecho Belém-Castanhal em 1948. No início da década seguinte, soube da existência de uma empresa chamada ICOMI que estava contratando trabalhadores de diversas áreas para prestarem serviços na construção de uma ferrovia e de um cais portuário no então Território Federal do Amapá. Em primeiro momento, Pedro não demonstrou qualquer interesse em seguir para tal região, alegou posteriormente para diversos amigos que não se arriscaria numa região bastante desconhecida do restante do Brasil. 

Mas sua opinião mudou no início de 1956 quando uma crise político-administrativa afetou grande parte de empresas privadas em Belém, obrigando centenas de trabalhadores a serem demitidos, levando aquele simples homem da Amazônia – que já estava com quase 30 anos – a receber um conselho de um amigo e embarcar para uma “estadia temporária” pela região que um dia ele nem imaginava que viria escrever seu nome. 

Após manter contato no escritório da ICOMI instalado em Belém – onde ali soube que haviam vagas para braçais –, Pedro Gomes (como era popularmente conhecido) seguiu para o então Território do Amapá, desembarcando na manhã do dia 10 de maio de 1956, diretamente no cais do canteiro de obras da mineradora (em Santana), que naquela época já havia concluído mais da metade do projeto para a exploração do minério de manganês. 

Sua primeira ocupação foi no Departamento de Transportes da mineradora, lotado na função de motorista, ficando no referido cargo até 1957, quando foi convidado para o Setor de Manutenção, trabalhando na reposição de peças pesadas das locomotivas da empresa. Foi nesse setor que Pedro Gomes descobriu um talento que guardava desde a época de menino, quando ainda residia na cidade de Soure (PA): jogaria semanalmente partidas amistosas de futebol com os colegas do setor em um campo montado numa área onde hoje seria a Vila Naval de Santana, situado na entrada do bairro da Vila Daniel. 

Essa ocupação esportiva acontecia sempre nos finais de semana, quando os funcionários dos setores administrativos da empresa disputavam demoradas partidas de futebol contra os operários dos setores de manutenção e operação da ICOMI, e chegavam até mesmo a realizar campeonatos internos como forma de descobrir novos talentos para o futebol amapaense. 

Nesse ano (1957), a ICOMI mantinha duas agremiações de caráter esportivo dentro da empresa: Manganês Esporte Clube (de Serra do Navio) e Santana Esporte Clube (em Porto de Santana). Como Pedro Gomes trabalhava no escritório situado nas margens do Rio Amazonas, recebia constantes convites de colegas de trabalho para participar ao menos dos jogos amistosos do clube “canarinho” do Amapá. Não resistiu aos pedidos e ingressou em janeiro de 1957, já estando com 32 anos de idade. 

Nos primeiros jogos atuou apenas na reserva dos zagueiros, entrando pela primeira vez em campo somente na tarde do dia 20 de abril de 1957, quando o Santana Esporte Clube jogou contra o Guarany Atlético Clube (de Macapá), no Estádio Municipal (atual Estádio Glicério Marques), onde aquele jogador novato surpreenderia até mesmo a equipe técnica do time adversário após marcar os dois únicos gols da partida que favoreceram o clube do porto. 

Segundo registros da imprensa da época, a rapidez com que Pedro Gomes lidava com a bola entre o time adversário lhe rendeu inúmeros elogios publicados em jornais impressos e espalhados nas ondas do rádio AM da região, logo recebendo a alcunha de “Pedro Bala”. 

Sua fama pelo âmbito esportivo não lhe obrigou a se afastar das funções profissionais na ICOMI, mas recebia diversas autorizações de dispensa do local de trabalho para acompanhar seu clube do coração nas partidas de futebol. 

Em junho de 1959, Pedro Bala faria parte de um momento marcante durante a estadia do time oficial do Fluminense (RJ) no Amapá. O Tricolor carioca realizou três certames com times amapaenses que foram: Amapá Clube, Esporte Macapá e Santana Esporte Clube. O placar ficou em 2 x 0, 3 x 0, e 4 x 1, respectivamente, todos favorecendo o time carioca. O curioso desses três jogos foi que o único gol feito por um time amapaense foi justamente de autoria de Pedro Bala. 

Sua Trágica Morte – O ano de 1962 ficaria nacionalmente conhecido pelo bicampeonato conquistado pela Seleção Brasileira no Chile e até na vida do povo amapaense. No então Território Federal do Amapá, o tradicional Campeonato Amapaense de Futebol iniciou logo após o termino da Copa do Mundo, e o Santana Esporte Clube era então o time local mais cogitado para erguer a taça desse campeonato, pois, já havia vencido os campeonatos anteriores de 1960 e 1961. 

No dia 20 de julho daquele ano, Pedro Bala casou-se com a cozinheira Raimunda Pacheco Gomes numa discreta cerimonia realizada na Paróquia de Nossa Senhora do Perpértuo Socorro (que ainda encontrava-se em construção), com a presença de pouco mais de 60 pessoas, entre colegas de trabalho e companheiros de campo. O casório foi dirigido pelo padre Ângelo Biraghi, fiel amigo e confidente de Pedro Bala. 

A união desse casal duraria até o mês de dezembro daquele ano, quando na véspera de Natal (dia 24 de dezembro), Pedro Bala encerrou seu horário de expediente no escritório da ICOMI em Santana, por volta das 17hs, e após se despedir de seus colegas e desejar boas festas, seguiu rumo à capital em cima de uma lambreta que havia comprado no final de 1961, após o “Canário” conquistar o bicampeonato amapaense, onde iria comprar o restante dos presentes que seriam distribuídos na Noite de Natal, em um evento que estava programado pela diretoria da ICOMI para seus funcionários, a ser realizado na sede recreativa do clube na recém-construída Vila Amazonas (mesmo local onde Pedro Bala já morava com a esposa). 

Segundo versão de registro policial (aberto na época do acidente), no trajeto que seguia pela Rodovia Macapá-Santana (hoje Rodovia Duca Serra), Pedro Bala teria acelerado seu veículo de condução, com o propósito de logo chegar à Macapá e pudesse retornar o quanto antes para o seu local de morada (Santana), o que, ao alcançar o km-06 daquela rodovia, onde parte da pista da rodovia atravessa um elevado precipício, o jogador santanense teria acidentalmente caído com sua lambreta, fraturando gravemente o crânio e três costelas inferiores. 

O primeiro a avistar o local do acidente foi o motorista José Rodrigues Machado (que prestava serviços de frete para o Governo Territorial), que seguia logo atrás de Pedro Bala e estranhou não ter mais lhe visto alguns metros após à frente, e somente deu conta que algo terrível havia ocorrido quando notou rastros de pneus na pista de terra úmida (na época a referida rodovia ainda não era asfaltada, e havia chovido horas antes naquela área). 

O motorista comunicou as autoridades sobre o acidente que logo resgataram o jogador do local e encaminharam-no ao Hospital Geral de Macapá. A notícia do fato ecoou rapidamente pelos quatro cantos da cidade pela única emissora de rádio do Amapá (Difusora), informando: “Desastre na Rodovia Santana-Macapá. Pedro Bala está muito mal”. 

Já passava das 20hs daquele dia 24 de dezembro de 1962 (segunda-feira) quando veio a confirmação da morte do jogador. A dor fraternal substituía a alegria daqueles que viam um Natal de felicidades. A notícia até mesmo o gerente da ICOMI no Amapá, Drº Antônio Carlos Seara, que tinha grande estima e era torcedor assíduo do Santana Esporte Clube. 

Mesmo não tendo tido tempo para deixar herdeiros genéticos, Pedro Bala deixou herdeiros nos campos, e imortalizou sua genialidade como artilheiro daquele ano, sendo anualmente homenageado pela diretoria da ICOMI nos campeonatos internos da empresa. 

Outro grande reconhecimento deixado pelo poder público ocorreu em 1986, quando o então prefeito de Macapá Raimundo de Azevedo Costa, sancionou o Decreto Municipal 0109/86, dando seu nome para uma avenida situada no bairro Nova Esperança, mantendo assim a boa lembrança do jogador nº 01 do “Canário”, do funcionário padrão da ICOMI, e de um atleta que deixaria um legado escrito na história do futebol amapaense.

domingo, 5 de outubro de 2014

Os Primeiros Vereadores Eleitos de Santana Para Macapá


Os dois do meio são os vereadores Redimilson Nobre e Rosemiro Rocha, cercados por jornalistas em evento ocorrido em 1986, em Santana.

Em janeiro de 1982, o recém-criado distrito de Santana experimentaria os primeiros passos de conquistar seus representantes para assumirem vagas no legislativo local. 

Após ser elevada para a categoria de distrito macapaense, através da Lei Municipal n.º 0153 de 31 de agosto de 1981, sancionado pelo então prefeito de Macapá Murilo Agostinho Pinheiro, a pequena cidade de Santana já continha um número superior de 45 mil habitantes distribuídos em quase 10 bairros, o que na visão do Poder Público deveria receber maiores atenções das autoridades políticas para assim desenvolverem um plano de melhoramento social nessa região que se expandia demograficamente. 

Porém, essa preocupação somente partiria de pessoas que conhecessem profundamente ou convivessem diariamente com os problemas que afligissem o povo santanense. 

Até o começo desse ano (1982), Santana tinha apenas um representante político que, segundo os pioneiros da região e profundos debatedores da política amapaense, não respondia diretamente pela cidade (apesar de possuir uma residência em Santana). Mesmo por que esse representante se mantinha na maior parte do tempo exercendo sua legislatura na capital amapaense (Macapá). 

Abrindo esse ponto em questão, foi-se vendo novos nomes para a política local. Comerciantes conhecidos e moradores antigos de Santana foram os primeiros a serem citados em tímidas reuniões que aconteciam em igrejas e escolas da nossa pacata cidade portuária. Mas houve dois nomes que correriam pelas bocas mais populares dos bairros santanenses: Redimilson Anselmo Nobre e Rosemiro Rocha Freires. 

O primeiro era oriundo de uma família pioneira de Santana, na qual era portador de uma intelectualidade reconhecida por inúmeras pessoas (entre elas, políticos respeitados da época, como Jarbas Gato e Geovani Borges), sendo formado em magistério superior e com um modo de discursar que liderava centenas de ouvintes. O segundo, que era na verdade um trabalhador autônomo, era visto como um cidadão bastante popular entre os santanenses por saber formar rapidamente amizades e esbanjar uma enorme simpatia entre os meios familiares da cidade. 

A campanha desenvolvida individualmente por esses novatos na política local era muito focada pelo lado assistencial, algo que resultaria num reconhecimento posterior nas urnas. O contato direto e compreensivo com os eleitores santanenses fizeram com que aquele professor e o “marchante” fossem democraticamente escolhidos naquele no dia 16 de novembro de 1982 (um domingo), num pleito eleitoral que ainda não contava sequer com 10 seções distribuídas no distrito de Santana (haviam somente 07 estabelecimentos de ensino no pequeno distrito portuário). 

Rosemiro Rocha seria eleito com 1.265 votos válidos, enquanto que o professor Redimilson Nobre conquistaria 1.223 votos válidos. A legislatura de ambos iniciou em janeiro de 1983, após serem empossados nos referidos cargos, onde esses edis apresentariam semanalmente inúmeros requerimentos que solicitavam melhorias – nas áreas de saúde e infraestrutura – para o distrito de Santana. Entre os primeiros pedidos protocolados em 1983 estava a solicitação de abertura de novas ruas e avenidas no distrito em virtude do surgimento de novos bairros que se expandiam desordenadamente pela região. 

Esses pedidos, em sua maioria, levavam semanas (ou até meses) para serem atendidos pelo Poder Público municipal, o que motivou mais ainda alguns Deputados Constituintes do Amapá (como Raquel Capiberibe e Anníbal Barcellos) a protocolar junto à Câmara Federal (DF) um Projeto de Lei que criasse autonomia política para Santana, como forma de garantir condições administrativas para que seu próprio gestor coordenasse e gerenciasse diretamente com recursos externos para o melhoramento daquela cidade. Esse futuro Projeto de Lei somente seria aprovado em dezembro de 1987, pelo Presidente da República José Sarney, transformando assim o distrito de Santana em município amapaense.

quinta-feira, 25 de setembro de 2014

Santana Esporte Clube: Nasce um time no Porto


Conhecido como "Canário do Porto" ou "Canário Milionário", o Santana Clube conquistou 07 campeonatos locais de futebol, sendo 4º time amapaense com mais títulos.


Fundado em 25 de setembro de 1955, no antigo “Alojamento Intermediário” (que posteriormente foi depósito de móveis da empresa ICOMI), pelos seguintes desportistas: Jaime Cerqueira, Manoel Cesário, Walter da Rocha Leal, Oswaldo Ildefonso dos Santos, Hector Manoel dos Santos, Carlos Alberto Lavareda, José Nicolau de Oliveira, Raimundo Gemaque de Jesus, José Gomes de Oliveira, Expedito Vasconcelos e Arlindo Pereira. 

Inicialmente recebeu a nomeclatura de “ICOMI Esporte Clube”, disputando seu primeiro jogo em 1956 contra o América Esporte Clube, da Federação Amapaense de Desportos (FAD), empatando em 0 x 0. 

Camisa branca, com faixa diagonal azul, cruz de malta no peito, calções brancos e meias pretas com cano azul e branco, foi o seu primeiro uniforme. 

Após os primeiros jogos, seus fundadores resolveram mudar o nome do clube para “SANTANA ESPORTE CLUBE”, passando sua camisa a ser toda amarela com gola verde. Os meses restantes de 1955 e durante o ano de 1956, os sócio-fundadores foram seus dirigentes. Somente em princípios de 1957 que, em vista dos sucessos esportivos, e sentindo a necessidade de integrar-se ao esporte profissional do Amapá, o Santana filiou-se à FAD, sendo que antes procurou organizar seus Estatutos e eleger sua primeira Diretoria, tendo à frente Jesus Ferreira Jomar. 

Data daí o seu 3º uniforme, que vigora até os dias de hoje, com as seguintes cores: vermelho, amarelo e preto. 

Historicamente, conquistou o Campeonato Amapaense de Futebol dos seguintes anos: 1960,1961, 1962, 1965, 1968, 1972 e 1985. 

Vale registrar que o Santana Esporte Clube foi pioneiro ao promover a vinda de grandes times esportivos do Norte e Nordeste do Brasil, assim como também de alguns times cariocas, como: Paissandu, Remo, Tuna, Júlio César, ex-Combatente (PA), Ferroviário (MA), Esporte Clube Recife (PE), e até Fluminense e Olaria (RJ). 

Foi o clube do então Território Federal do Amapá que mais ficou conhecido fora de seus limites locais, recebendo da crônica esportiva do Norte, o apelido de “Canarinho Amapaense”, que depois passou a ser “Canário Milionário”. 

Em janeiro de 1998, o clube começou a se dissolver, após a ICOMI encerrar suas atividades de exploração de minério de manganês, devido a carência do produto, o que obrigou a entidade, na qual era muito dependente da mineradora, ter que “desmontar” o clube, o que causou uma grande insatisfação por seus associados e torcedores. 

Diversas reuniões e assembléias foram realizadas em prol do retorno do clube, mas no início do ano seguinte (1999), a diretoria da ICOMI determinou pelo término da entidade devido todo o patrimônio pertencer à mineradora. 

A Volta do “Canário”
Passado mais de uma década após as inúmeras e frustradas tentativas de trazer novamente o Santana Esporte Clube para os campos de futebol, quando o ex-presidente do Amapá Clube, Gerson Fernandes anunciou em março de 2008, a decisão de reerguer um dos clubes mais considerados do esporte regional. 

Gerson Fernandes (foto), grande idealizador em recuperar
um orgulho do esporte amapaense, participando das
comemorações dos 55 anos do Santana Esporte Clube.
Depois de tentar sua volta para a presidência da “Zebra Solitária”, Gerson acabou recebendo o convite para assumir a vice-presidência do clube, porém, percebendo que suas idéias técnicas estavam sendo restringidas, na qual lhe obrigou a se afastar do clube por tempo indeterminado. 

Ainda no primeiro semestre de 2008, realizou diversas reuniões com a presença de desportistas, ex-torcedores e até mesmo com ex-dirigentes do “Canário” visando trazer a grandeza deste time. 

Em meados de 2008, Gerson providenciou contatos imediatos junto à Federação Amapaense de Futebol (FAF), que tinha como presidente o então deputado estadual Roberto Góes (atual prefeito de Macapá), para buscar os procedimentos necessários para reorganizar esse clube santanense. 

No início de agosto corrente, foi possível reunir um pouco de 200 pessoas que participariam da Ata de reconstituição do Santana Esporte Clube e aprovariam um Estatuto provisório que seria somente utilizado para garantir seus direitos técnicos e esportivos. 

Em 18 de setembro de 2008, a Confederação Brasileira de Futebol (CBF) emitiu para o “Canário Amapaense” um certificado de autorização para a prática de futebol profissional, depois de preencher todos os requisitos legais admitidos pela Confederação. 

Em 22 de novembro corrente (2008), após efetuar uma seleção de jovens jogadores, o Santana Clube faz sua reestréia no Campeonato profissional de futebol adulto, enfrentando o Paissandu (PA), no estádio Augusto Antunes, na Vila Amazonas. Embora tenha empatado (1 x 1), o time santanense não conseguiu se classificar para o Campeonato regional. 

Uma Trajetória de Vitórias pelo Amapá
Em quase seis décadas percorrendo os campos de futebol do Amapá e do Brasil, o conhecido “Canário Milionário” marcou a história do esporte regional e até nacional por desempenhar um bom trabalho e ter oportunizado na carreira de grandes craques para o futebol brasileiro. Abaixo uma cronologia histórica dos principais encontros futebolísticos que foram realizados por esse clube canarinho: 

26 de maio de 1957 – Em jogo realizado no Estádio de Macapá (atual Estádio Glicério Marques), o Santana Esporte Clube obtém sua primeira vitória do Campeonato da 2ª Divisão, vencendo o Guarany Clube por 3 x 2. Gols feitos por Aza-Aberta (3) para o “canário”, enquanto que Ribeiro e Milton fizeram para a adversário. O juiz era Francisco Lima, auxiliado por 75 e Franquinho. 

30 de dezembro de 1957 – Em partida decisiva, o Santana Esporte Clube torna-se Campeão da 2ª Divisão do Campeonato da Cidade, após vencer o Fazendinha Esporte Clube por 1 x 0, gol feito por Curió. O juiz da partida foi Fernando Franco. 

21 de junho de 1959 – Em jogo amistoso no Estádio de Macapá, com arquibancada lotada, o time oficial do Fluminense (RJ) vence o Santana Esporte Clube por 4 x 1, sob a arbitragem de Francisco Lima. 

09 de março de 1960 – O Santana Esporte Clube conquista o Campeonato Amapaense de Futebol após vencer o Trem Desportivo Clube por 2 x 0. Esta seria sua primeira vitória no campeonato oficial do Amapá. Depois viriam mais 05 títulos. 

01 de maio de 1966 – O famoso clássico do Porto (Carcará x Canário) começaria justamente nesse dia. Em jogo de abertura do Campeonato da Cidade, realizado no Estádio Glicério Marques, o Santana Esporte Clube vence o Independente Esporte Clube por 4 x 1. Gols feitos por Acemir, Pereira, Moacir e Antonino para o “canário”, enquanto que Austregecildo fez o único tento para o “carcará”. 

Após esse encontro futebolístico, segundo registros, ainda houve cerca de 40 partidas oficiais pelo Campeonato Amapaense de Futebol até 2010. 

08 de julho de 1970 – Em pesquisa de opinião pública, realizada pela Federação Amapaense de Futebol, foi apurado o “Clube mais querido do Amapá”, vencendo o Santana Esporte Clube com 1.199 votos, ficando atrás o Independente Esporte Clube com 211 votos. 

12 de dezembro de 2009 – Após se reorganizar administrativamente para que pudesse retornar aos jogos oficiais e vencer 09 partidas consecutivas, o Santana Clube chega novamente ao jogo final de um Campeonato Amapaense de Futebol, enfrentando o São José, porém, conquista o título de vice-campeão após perder por 3 x 0.

segunda-feira, 18 de agosto de 2014

Praça Municipal "Francisco Nobre"


Praça Cívica de Santana, foto tirada de um vídeo-documentário exibido em 1994 na televisão amapaense, sobre a recém-criada Área de Livre Comércio de Macapá (ALCMS).


Inaugurada em março de 1978, pelo então prefeito de Macapá Cleiton Figueiredo, a Praça Cívica de Santana foi construída através de inúmeras reivindicações de moradores que optavam pelo surgimento de um espaço de lazer no pequeno distrito de Santana, na qual não dispunha de locais determinados para a recreação e o divertimento familiar de seus residentes. 

Segundo depoimento de antigos moradores, o local pertencia ao Independente Esporte Clube (IEC), uma agremiação esportiva mantida por frequentadores fieis da Paróquia de Nossa Senhora de Fátima (na Vila Maia), e foi cedida, sob termo de doação, pela diretoria do clube ao Executivo Macapaense, para ali ser levantada a primeira praça pública santanense. 

Em seu primeiro projeto arquitetônico, a praça tinha apenas quatro (04) pontos arborizados, distribuídos com oito (08) bancos de concreto em torno do novo espaço, todos voltados para as vias públicas (ruas e avenidas) que o cercavam. 

Em dezembro de 1989, após a criação do atual município de Santana, a praça passou por sua primeira reforma física, recebendo uma nova urbanização visual, contando agora com espaço de alimentação (lanchonete) e novos bancos. 

Em meados de fevereiro de 1991, o Departamento Municipal de Urbanização da Prefeitura de Santana realizou a delimitação física da praça, ficando entre as ruas Ubaldo Figueira e Salvador Diniz com as avenidas José de Anchieta e Castro Alves. Em meados do mesmo ano, o Executivo santanense levantaria um palanque de concreto na Praça Cívica de Santana, ficando de frente com a sede social do Independente Esporte Clube. 

Em 05 de novembro de 1997, o então prefeito de Santana Judas Tadeu Medeiros sanciona a Lei Municipal n° 0342, denominando a Praça Cívica de Santana como “Praça Municipal Francisco Corrêa Nobre”, numa justa homenagem a um pioneiro que, falecido em 30/03/1996, residiu em Santana por mais de quatro décadas, ajudando no desenvolvimento econômico, social e político da cidade, na qual este pioneiro exerceu inúmeros cargos administrativos que contribuíram merecidamente em nosso atual município santanense, deixando um legado de trabalho e dedicação através de suas futuras gerações (filhos e netos) que ainda as mantém viva. 

Em maio de 1999, a Secretaria Municipal de Desenvolvimento Urbano de Santana (Semdurb/STN) apresentou à sociedade santanense, o novo projeto urbanístico da Praça Cívica de Santana, contendo uma nova praça de alimentação em torno da praça, com um amplo estacionamento. As obras de construção da nova praça iniciaram no mesmo semestre, sendo totalmente entregue no ano seguinte, mais precisamente no dia 16 de junho de 2000, com sua reinauguração prestigiada por milhares pessoas vindas de Macapá e de Santana. 

Após esta nova reforma, a praça teria uma paisagem urbanística mais regional, contendo agora dois monumentos exóticos da Amazônia: um molde gigante de uma cobra que representa nitidamente a “Lenda da Cobra Sofia”, mantida por décadas por pioneiros de Santana; e o molde gigante de um peixe, que representa uma das fontes de consumo familiar e renda econômica da região (a pesca). 

Vale ressaltar que a histórica Praça Cívica de Santana ficou sendo a única opção de lazer público da cidade por mais de duas décadas, quando somente em abril de 2004, seria inaugurada a segunda Praça de Santana (no bairro Paraíso). 

Em dezembro de 2013, a Praça Cívica de Santana foi escolhida para receber o primeiro “Natal Ecológico de Santana”, um projeto socioambiental inédito em todo Estado do Amapá, recebendo centenas de elogios por parte das autoridades competentes e até da sociedade civil organizada, na qual os principais enfeites natalinos foram confeccionados com material reciclável.