Foto de submarino Nazista que, segundo relatos do folclore amazônico, pode ter supostamente aportado na Ilha de Santana (AP), em meados da década de 1940, devido ali haver um padre de nacionalidade alemã, que possivelmente era adepto àquela ideologia partidária que se consumava socialmente pela Europa Ocidental naquele período.
No final do mês de maio passado, durante a programação de lançamento de um novo canal de TV em Santana, foi exibido uma série de reportagens que falavam sobre a fundação da cidade de Santana, assim como os primórdios de sua origem, iniciada pela Ilha de Santana.
Porém, numa dessas reportagens, houve um curioso assunto que causou grande repercussão na imprensa local: a possível existência de famílias nazistas que tenham residido temporariamente na Ilha de Santana há mais de 60 anos. Seria verdade ou puro folclore daquela comunidade ribeirinha?
Entre os poucos documentos e informações que registram a trajetória da Igreja Católica no Amapá, sabe-se que em janeiro de 1942, dois padres (o italiano José Beste e o alemã Orlando Bernard Bahour) foram enviados, a pedidos do vigário da Paróquia de Macapá, padre Felipe Blank, para realizarem trabalhos religiosos na região de Ilha de Santana.
De acordo com esparsas informações arquivadas na Cúria Diocesana da secretaria da Diocese de Macapá, esses dois padres pertenciam à Congregação dos Missionários da Sagrada Família (MSF) e apenas o padre José Beste (1911-1965) se comunicava esporadicamente com os moradores da Ilha de Santana devido falar pouco sobre nosso idioma, enquanto que o padre Bernard Bahour (1915-1986) apenas mantinha ligeiros contatos com o colega religioso através de algumas palavras com sotaque italiano ou com sinais mímicos. Ninguém que residia na Ilha de Santana nesta época pôde confirmar se conseguiu manter qualquer tipo de contato pessoal com este padre alemão. O contrario ocorria com o missionário José Beste, que constantemente visitava as casas ribeirinhas e realizava missas em locais onde nenhum outro religioso havia conseguido realizar.
Além de responsável religioso, padre Beste também lecionava para as poucas crianças que moravam nas proximidades do Campanário construído na Ilha de Santana por esses missionários. Elas eram levadas por seus pais até a Casa de Campo dos padres, ficando pela parte da manhã e somente eram buscados por volta do meio-dia.
Quando padre Beste se deslocava para Macapá ou para outras localidades distantes, com intuito de arrecadar recursos materiais ou realizar missões, era o padre alemão Bahour que ficava incumbido de trabalhar naquela Casa de Campo religiosa. Porém, havia um problema social: Bahour não pronunciava uma palavra sequer em português e sua comunicação com o colega missionário era através do idioma inglês, na qual os dois religiosos sabiam expressar forçadamente.
De acordo com depoimento de antigos moradores, as constantes ausências do padre Beste causava um certo “incômodo” para a pequena comunidade ribeirinha da Ilha de Santana, já que ninguém sabia manter contato verbal com o padre Bahour quando estava à frente do Campanário. Devido não ter tal influência social, o padre alemão procurava entreter o tempo local com ações de caça e pesca pela região, onde era visto seguindo em canoa pelos rios Matapí ou nascente do Amazonas, retornando ao Campanário no cair da noite.
Sob relato popular, conta-se que padre Bernard Bahour não realizava missas semanais e sequer efetuava visitas domiciliares, muito menos se demonstrava hostil quando alguma pessoa “encostava” no trapiche do Campanário dos Missionários de forma inesperada (sem avisar), o que levantava inúmeras desconfianças dos moradores da Ilha de Santana sobre as ocupações externas daquele representante católico na região.
Diversos comentários corriam à solta. Há boatos sobre sua crença nacionalista, em virtude de ser natural da Alemanha e o período em questão estaria voltado para a Segunda Guerra Mundial (1939-1945), podendo está apoiando enfaticamente o Nazismo que, na época, imperava em boa parte da Europa Ocidental. Porém, os comentários eram incertos. O que se sabe sobre o padre Orlando Bernard Bahour estaria ligado com seus diversos pedidos de transferência pastoral.
Em uma das poucas correspondências arquivadas na Diocese de Santarém (PA), instituição que gerenciava as Paróquias e Igrejas católicas do Amapá antes da criação (em 1949) da Prelazia de Macapá, consta uma carta redigida pelo padre alemão para aquela Diocese, onde relata sobre os trabalhos que vinha empenhando na Casa de Campo dos Missionários da Sagrada Família – na Ilha de Santana. Aproveitando o mesmo envio, Bahour solicitava ao Encarregado da Diocese de Santarém, padre Vitorino do Carmo, o seu retorno à capital paraense, onde havia liderado uma Igreja na cidade de Bragança (PA), antes de receber a ordem superior para construir o Campanário de Ilha de Santana. Seus pedidos foram negados em virtude de não haver substitutos religiosos para a Missão.
Em Julho de 1943, o Campanário dos padres de Santana recebeu a visita de um jovem sacerdote italiano: Irmão Luís Larunna foi enviado pela Arquidiocese de Milão (Itália) para inspecionar os trabalhos eclesiásticos realizados na região Amazônica, como forma de acompanhar as ações assistenciais atividades da Igreja Católica nas comunidades menos privilegiadas pelo Poder Público. As visitas resultaram em um extenso relatório preparado pelo Irmão Larunna e posteriormente entregue ao Papa Pio XII.
Após a criação do Território Federal do Amapá (setembro de 1943), os trabalhos no Campanário de Santana continuam sendo mantidos pelos missionários da Sagrada Família até dezembro de 1948, quando os primeiros padres chegaram ao Amapá, por determinação do Pontifício Instituto de Missões Estrangeiras (Pime) e meses depois criariam a Prelazia de Macapá, órgão que implantou autonomia sob as igrejas católicas espalhadas por todo Território amapaense.
Nota do Pesquisador do Blog: Tais informações aqui descritas se limitam a não-apontar qualquer envolvimento de religiosos com a crença Nazista, pois, os missionários enviados para a região amazônica eram todos voltados para atividades ligadas à religiosidade ou comunitária, independente de sua nacionalidade.
Porém, numa dessas reportagens, houve um curioso assunto que causou grande repercussão na imprensa local: a possível existência de famílias nazistas que tenham residido temporariamente na Ilha de Santana há mais de 60 anos. Seria verdade ou puro folclore daquela comunidade ribeirinha?
Entre os poucos documentos e informações que registram a trajetória da Igreja Católica no Amapá, sabe-se que em janeiro de 1942, dois padres (o italiano José Beste e o alemã Orlando Bernard Bahour) foram enviados, a pedidos do vigário da Paróquia de Macapá, padre Felipe Blank, para realizarem trabalhos religiosos na região de Ilha de Santana.
De acordo com esparsas informações arquivadas na Cúria Diocesana da secretaria da Diocese de Macapá, esses dois padres pertenciam à Congregação dos Missionários da Sagrada Família (MSF) e apenas o padre José Beste (1911-1965) se comunicava esporadicamente com os moradores da Ilha de Santana devido falar pouco sobre nosso idioma, enquanto que o padre Bernard Bahour (1915-1986) apenas mantinha ligeiros contatos com o colega religioso através de algumas palavras com sotaque italiano ou com sinais mímicos. Ninguém que residia na Ilha de Santana nesta época pôde confirmar se conseguiu manter qualquer tipo de contato pessoal com este padre alemão. O contrario ocorria com o missionário José Beste, que constantemente visitava as casas ribeirinhas e realizava missas em locais onde nenhum outro religioso havia conseguido realizar.
Além de responsável religioso, padre Beste também lecionava para as poucas crianças que moravam nas proximidades do Campanário construído na Ilha de Santana por esses missionários. Elas eram levadas por seus pais até a Casa de Campo dos padres, ficando pela parte da manhã e somente eram buscados por volta do meio-dia.
Quando padre Beste se deslocava para Macapá ou para outras localidades distantes, com intuito de arrecadar recursos materiais ou realizar missões, era o padre alemão Bahour que ficava incumbido de trabalhar naquela Casa de Campo religiosa. Porém, havia um problema social: Bahour não pronunciava uma palavra sequer em português e sua comunicação com o colega missionário era através do idioma inglês, na qual os dois religiosos sabiam expressar forçadamente.
De acordo com depoimento de antigos moradores, as constantes ausências do padre Beste causava um certo “incômodo” para a pequena comunidade ribeirinha da Ilha de Santana, já que ninguém sabia manter contato verbal com o padre Bahour quando estava à frente do Campanário. Devido não ter tal influência social, o padre alemão procurava entreter o tempo local com ações de caça e pesca pela região, onde era visto seguindo em canoa pelos rios Matapí ou nascente do Amazonas, retornando ao Campanário no cair da noite.
Sob relato popular, conta-se que padre Bernard Bahour não realizava missas semanais e sequer efetuava visitas domiciliares, muito menos se demonstrava hostil quando alguma pessoa “encostava” no trapiche do Campanário dos Missionários de forma inesperada (sem avisar), o que levantava inúmeras desconfianças dos moradores da Ilha de Santana sobre as ocupações externas daquele representante católico na região.
Diversos comentários corriam à solta. Há boatos sobre sua crença nacionalista, em virtude de ser natural da Alemanha e o período em questão estaria voltado para a Segunda Guerra Mundial (1939-1945), podendo está apoiando enfaticamente o Nazismo que, na época, imperava em boa parte da Europa Ocidental. Porém, os comentários eram incertos. O que se sabe sobre o padre Orlando Bernard Bahour estaria ligado com seus diversos pedidos de transferência pastoral.
Em uma das poucas correspondências arquivadas na Diocese de Santarém (PA), instituição que gerenciava as Paróquias e Igrejas católicas do Amapá antes da criação (em 1949) da Prelazia de Macapá, consta uma carta redigida pelo padre alemão para aquela Diocese, onde relata sobre os trabalhos que vinha empenhando na Casa de Campo dos Missionários da Sagrada Família – na Ilha de Santana. Aproveitando o mesmo envio, Bahour solicitava ao Encarregado da Diocese de Santarém, padre Vitorino do Carmo, o seu retorno à capital paraense, onde havia liderado uma Igreja na cidade de Bragança (PA), antes de receber a ordem superior para construir o Campanário de Ilha de Santana. Seus pedidos foram negados em virtude de não haver substitutos religiosos para a Missão.
Em Julho de 1943, o Campanário dos padres de Santana recebeu a visita de um jovem sacerdote italiano: Irmão Luís Larunna foi enviado pela Arquidiocese de Milão (Itália) para inspecionar os trabalhos eclesiásticos realizados na região Amazônica, como forma de acompanhar as ações assistenciais atividades da Igreja Católica nas comunidades menos privilegiadas pelo Poder Público. As visitas resultaram em um extenso relatório preparado pelo Irmão Larunna e posteriormente entregue ao Papa Pio XII.
Após a criação do Território Federal do Amapá (setembro de 1943), os trabalhos no Campanário de Santana continuam sendo mantidos pelos missionários da Sagrada Família até dezembro de 1948, quando os primeiros padres chegaram ao Amapá, por determinação do Pontifício Instituto de Missões Estrangeiras (Pime) e meses depois criariam a Prelazia de Macapá, órgão que implantou autonomia sob as igrejas católicas espalhadas por todo Território amapaense.
Nota do Pesquisador do Blog: Tais informações aqui descritas se limitam a não-apontar qualquer envolvimento de religiosos com a crença Nazista, pois, os missionários enviados para a região amazônica eram todos voltados para atividades ligadas à religiosidade ou comunitária, independente de sua nacionalidade.
As “estórias” levadas pelos moradores da Ilha de Santana (Amapá), ao longo das gerações, surgiram em virtude de pessoas que conviveram nas proximidades do antigo Campanário dos Missionários e achavam que o comportamento restrito do padre Bahour (nascido na Alemanha Ocidental) se descrevia com um correligionário nazista que buscava implantar essa ideologia partidária na Amazônia. Mas nenhum desses relatos foi comprovadamente documentado para maiores confirmações.
Existem registros esporádicos da Marinha Brasileira sobre o submarino alemão U-590, afundado na manhã de 09 de julho de 1943, no litoral do Amapá, por aviões dos EUA, tendo sido o torpedeador do mercante Pelotaslóide, onde um relatório náutico, arquivado na Biblioteca Pública de Nova York, que descreve uma das possíveis razões desses europeus estarem em águas brasileiras. "Eles mantinham constantes contatos nacionalistas com mercadores, religiosos, empresários e pessoas anônimas" (pág. 224, do Relatório Náutico Norte-americano).
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