Possuindo um incomensurável acervo de informações históricas, passando de 11 mil assuntos (entre eles, mais de 300 dados biográficos de pioneiros santanenses e mais de 500 fotos históricas que registram o crescimento demográfico e social da cidade portuária do Amapá).



quinta-feira, 1 de novembro de 2012

No Descanso digno de nossos entes queridos



Aspecto atual (2012) do único Cemitério de Santana, vendo-se no detalhe uma das extensas valas onde estão enterradas as centenas de vítimas do naufrágio do Barco "Novo Amapá", ocorrido em janeiro de 1981.



Se existe um local em Santana que anualmente é bastante visitado, ou quando não, nas datas comemorativas, trata-se do Cemitério de Nossa Senhora de Santa Ana, situado no cruzamento da Rua Adálvaro Cavalcante com a Avenida Walter Lopes da Cruz. 

Sua implantação na cidade portuária deve-se ao Decreto Municipal n.º 051/74, sancionado em 24 de setembro de 1974 pelo prefeito de Macapá Cleyton Figueiredo de Azevedo, que declararia de utilidade pública, para fins de desapropriação, uma área destinada à construção de um novo cemitério na vila de Santana, que mediria, inicialmente, 180m de frente por 260m de comprimento (46.800m²). 

O Poder Municipal considerou que o então cemitério que havia na localidade já se encontrava em precárias condições e estando numa região inadequada (numa área particular), precisando agora beneficiar a populosa vila de Santana com um cemitério que atendesse as necessidades fúnebres de seus moradores, delimitando, assim, uma área mais adequada para a localização desse novo cemitério, seguindo um Plano de Desenvolvimento Urbano (PDU) que estava sendo empenhado na capital amapaense. Como o antigo cemitério santanense funcionava desde a década de 1950 numa área privada, pertencente à Empresa de Portos do Brasil (Portobrás), a Prefeitura Municipal de Macapá precisou efetuar um intenso estudo em diversas áreas de Santana, com isso, estabelecendo um local mais amplo e digno para a população. 

Como forma de habituar os serviços de sepultamentos no novo cemitério, o prefeito Cleyton Figueiredo determinou a transferência de todos os defuntos do antigo cemitério da “Portuaria” (como era conhecido o local). Porém, muitas exumações não foram possivelmente feitas por decisão de familiares, que acharam desnecessários e até desrespeitoso a retirada de um ente falecido de um local já existente. Mas no primeiro ano de sua implantação, o novo cemitério ainda conseguiu receber cerca de 10 sepultamentos, além de alguns cadáveres que puderam ser transferidos do cemitério do Porto em novembro de 1974. 

Segundo alguns registros existentes no Cemitério de Santana, até o final de 1980, no local só existiam pouco mais de 40 pessoas sepultadas. 

Em janeiro de 1981, o Cemitério santanense foi o local escolhido para enterrar as vítimas do maior naufrágio fluvial da América Latina: a tragédia do barco “Novo Amapá” levaria à morte mais de 400 pessoas, obrigando o então Governador do Amapá Comandante Anníbal Barcellos a providenciar a abertura de cinco “valas” extensas no dito cemitério para sepultar as vítimas que chegavam dentro de largos caixotes de compensado (cabendo neles até cinco corpos em cada caixote). Por quatro longos dias, a população assistia estarrecida a esses sepultamentos, considerado o maior público fúnebre já ocorrido em Santana. 

Em homenagem aos náufragos, a Secretaria de Promoção Social do então Território Federal do Amapá construiria no Cemitério de Santana um mausoléu contendo duas placas de bronze, onde estavam registradas o nome das 335 pessoas que perderam a vida nesse naufrágio ocorrido na noite de 06 de janeiro de 1981. Mas devido a atitude de vândalos, uma das placas foi roubada em 2004 e a outra encontra-se no depósito do prédio da administração do cemitério por precauções. 

Em junho de 1982, a então Prelazia de Macapá (hoje Diocese de Macapá) construiu uma Capela no cemitério, dedicado para visitas de parentes de sepultados. A capela era de madeira com telhas brasilit, ficando numa lateral interna do cemitério. Somente no início da década de 1990, a referida Capela foi transferida para o centro do cemitério e reformada em alvenaria e telhas de barro, onde hoje funciona a administração do local. 

Em 14 de fevereiro de 1989, o Decreto Municipal 026/89-PMS denomina o Cemitério santanense de Cemitério “Nossa Senhora de Santa Ana”, e simultaneamente o Poder Municipal concede uma área de terras de quase 2 mil metros quadrados para utilidade pública do cemitério. 

Segundo a administração do local, em março deste ano (2012), a Secretaria Municipal de Habitação e Urbanismo de Santana efetuou um levantamento, na qual concluíram a existência de mais de 12 mil pessoas (entre adultos, crianças e fetos) sepultados no referido cemitério, não havendo mais espaço para novos enterros – somente aqueles que possuem jazigos com entes falecidos.

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