Capa do primeiro CD do cantor Lemos Coiê (1953-1998), lançado em 1997. O cantor faleceu prematuramente, no algo de sua carreira regional.
Um ataque cardíaco fulminante, na madrugada daquele dia 30 de maio de 1998, calaria pra sempre um dos cantores regionais mais prestigiados na música amapaense daquela época. Era Lemos Coiê, popularmente conhecido o “Ídolo Negro Serrano”. Seu seria sepultado na manhã do dia seguinte (31), no Cemitério Municipal de Santana, sendo levado por centenas de admirados e amigos que o conheciam há décadas, muitas destas amizades construídas no Amapá desde meados da década de 1970 quando aqui chegou para trabalhar na Indústria e Comércio de Minérios Ltda (ICOMI).
Desde criança, Lemos Coiê já despertava o interesse pela música. Com seu violão reunia com os amigos para cantarem juntos as músicas que faziam sucesso.
Ingressou na mineradora ICOMI em 1976, onde trabalhou como operário e detonador de minas. Seu sonho era de gravar um disco com músicas de sua própria autoria, o que tentou por diversas vezes sem alcançar seu objetivo. De família humilde, o sonho ficava cada vez mais distante. Continuou trabalhando na ICOMI e procurava economizar para a realização de seu sonho.
Até que o dia chegou. Com sua indenização trabalhista, Lemos viu possível a realização de seu ideal, e lançou seu primeiro CD, denominado “O Trem Partiu”, que ficaria registrado para sempre na memória de todos.
Diante do sucesso desse primeiro CD, receberia o carinhoso apelido de “Ídolo Negro Serrano” de outros artistas regionais. Logo comprometeu-se nos planos de seu segundo trabalho, porém, esbarrou na burocracia do mundo empresarial que dificultou o máximo para que o seu segundo trabalho fosse concretizado.
Entretanto, Lemos iniciou os trabalhos e já possuía em mãos uma fita K-7 com as músicas que compôs para o novo CD, entre elas, havia uma música dedicada à saudosa Princesa Diana (falecida em agosto de 1997).
Porém, seu trabalho em busca de patrocínios seria fatalmente interrompido na noite da sexta-feira, 29, quando o artista sentiu as primeiras dores no peito. Como encontrava-se hospedado na casa de familiares, na Vila Amazonas, chegou a ser encaminhado imediatamente para o Hospital de Santana, onde veio a falecer na madrugada de sábado seguinte, dia 30 de maio.
Durante seu enterro, o público presente que lamentava a perda deste grande nome para a história da música amapaense, cantaria a música que o lançou no campo artístico (“O Trem Partiu”), que aqui descrevo um trecho aos meus leitores:
“Lá vai o trem
Deu sete horas
Da manhã
E já partiu
Vem de Santana
Para Serra do Navio
Ele vem dizendo
Café com pão,
Café com pão,
Bolacha não, ...”
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