Possuindo um incomensurável acervo de informações históricas, passando de 11 mil assuntos (entre eles, mais de 300 dados biográficos de pioneiros santanenses e mais de 500 fotos históricas que registram o crescimento demográfico e social da cidade portuária do Amapá).



segunda-feira, 30 de abril de 2012

Um artigo de Rachel de Queiroz sobre nossa terra

O que é a Icomi? A Icomi é um milagre dentro da região amazônica. Duas pequenas cidades que parecem o sonho de um urbanista lírico. Duzentos quilômetros de estrada de ferro. Um porto onde encostam transatlânticos. Nas cidades há escolas, hospital moderno, supermercado, clube, piscina e cinema. As casas dos operários são tão boas e bonitas que a gente fica pensando com melancolia naqueles arruados, tipo vila de conferência vicentina, que se constroem no Rio para abrigar favelados. Água, esgotos, telefones e o que mais é preciso para garantir o conforto moderno naquelas duas ilhas abertas no meio da mata. Você anda meio quilômetro para lá da Serra do Navio e já está dentro da floresta onde, quinze anos atrás, só tinha onça e algum bugre. E doença braba na água parada dos igapós. E quem paga tudo isso é a mina. 

Vejam Brasília. O que horroriza a gente, em Brasília, é pensar que aquele milagre urbanístico, a cidade que brotou de repente dentro do agreste e deserto planalto goiano, é um luxo de povo rico imposto a nossa pobreza. Cada belo palácio de Brasília é um açude a menos, uma estrada a menos, um hospital que não se fez. 

Já as duas cidades que nasceram na Serra do Navio e em Santana não custaram nada ao Brasil. Ao contrário, criam riqueza, não só para o local, como para o Território e o País. Se alguém quiser estranhar os excessos de conforto, o custo do hospital, as faturas do supermercado, a beleza californiana das piscinas, fique sabendo que tudo que se gasta ali é dali. Tudo é deles. Tudo sai do manganês. Tudo é tirado debaixo do chão, explorado como deve ser e transformado em progresso e riqueza. 

E note-se: por lá não andam americanos. Não há mais nenhum, um só, um único, em todos os campos de trabalho da Icomi. Não que fosse algum mal haver em qualquer lugar americanos, ingleses, judeus, japoneses, himalaios ou qualquer outro alienígena. No Brasil, como em toda terra no Novo Mundo, estrangeiro útil é leal e patrício. Mas acontece que não há. Os pruridos nacionalistas mais ferozes podem se acalmar: aquilo tudo é trabalho da terra. Dos engenheiros aos operários menos qualificados, tudo é brasileiro. Houve americanos na fase da construção da estrada, que foram embora quando o contrato expirou. A construção das cidades já foi feita por arquitetos nativos – e aliás são uma beleza, encantadoras e funcionais. Agora só se vê catarinense, mineiro, paulista, gaúcho, nordestino (cearense às pampas), paranaense, baiano, junto com o povo da terra, numa verdadeira amostragem da população brasileira. 

E também podem sossegar o coração os que pensam em dinheiro e royalties – os interesses nacionais estão muito bem defendidos pela lei que permitiu a exploração do manganês na Serra do Navio: 51% do capital é brasileiro, 49% e estrangeiro. Mas nesses 2% está a diferença importante, pois que significam o controle da empresa. 

Agora a Icomi se estende no Amapá em novas iniciativas: fazendas-modelo, pequenas fábricas e as promissoras plantações de dendê, em que o povo do Amapá põe grande esperança; progresso cria progresso, cria riqueza. O que a Icomi construiu e constrói é motivo de orgulho. 

NOTA - O texto foi originalmente publicado na revista semanal "O Cruzeiro", de 08 de maio de 1965, após a escritora cearense visita o então Território Federal do Amapá um mês antes, a convite da diretoria da ICOMI.

Nogueira: uma gestão diferente de outras

Filho de Raimundo Calixto de Souza e Horodina Nogueira de Souza, é santanense de nascimento que veio a este mundo em 28 de abril de 1971. casado com Joseneide Silva, tem duas filhas (Bianca e Luana), sendo torcedor do Fluminense e do Independente. Iniciou sua vida política atuando no movimento estudantil, sendo presidente do Grêmio Estudantil Barroso Tostes, na gestão 1989/1990, Vice-Presidente da União dos Estudantes dos Cursos Secundários do Amapá, em 1992 e Presidente do Centro Acadêmico do Curso de Letras da Universidade Federal do Amapá (Unifap), onde se formou em Licenciatura Plena no Curso de Letras, no ano de 1995. Como professor de Língua Portuguesa e Literatura Brasileira, já atuou nas Escolas Estaduais Joanira Del Castillo, Barroso Tostes, Elizabeth Esteves, São João e Francisco Walcyr Lobato, todas no município de Santana. 

Em 1992, Nogueira candidatou-se a vereador de Santana e surpreendeu com uma expressiva votação, faltando poucos votos para efetivar sua eleição. Nas eleições municipais seguintes, voltou a se candidatar, quando liderou uma campanha jovem e empolgante, conseguindo ser eleito como o primeiro vereador da história do PT de Santana, sendo o 3º mais votado entre os eleitos. No ano de 1998, candidatou-se a Deputado Estadual, obtendo quase 900 votos, sendo diplomado como suplente. 

Vereador Mais Popular – No início de 2000, Nogueira foi reconhecido, nacionalmente, através da Revista ISTOÉ, como o Vereador mais popular de Santana. Em outubro do mesmo ano, foi reeleito vereador como o 2º mais votado no município. Dentre seus projetos, destacamos o que revisou e atualizou a Lei Orgânica do Município de Santana, no qual foi autor e Presidente da Comissão. Além de Câmara Mirim; Criação do Conselho Municipal de Educação; Lei do Incentivo e Financiamento da Cultura; Transparência das solicitações públicas; Instalação da Caixa Econômica Federal em Santana. Foi oposição declarada ao prefeito da época (Rosemiro Rocha). 

Deputado Federal – Em 2002, com mais experiência, e vendo a insatisfação popular com alguns representantes na Câmara Federal, Nogueira lançou-se candidato ao cargo. Muitos debocharam, o taxando de “pretensioso”. A resposta veio nas urnas: Nogueira elegeu-se como o 3º Deputado Federal mais votado. Como Parlamentar Federal instituiu uma prática reconhecida por estudiosos da Administração Pública – a Emenda Participativa – uma prática que discutia todas as emendas parlamentares que tinha direito de apresentar ao Orçamento da União, com a sociedade amapaense. Como experiência pioneira, aplicou a idéia no município de Santana. Foi um sucesso! Resultou em emendas discutidas pela sociedade, resultando na liberação dos recursos e em construção de obras que tiveram a participação popular desde a concepção, passando pela fiscalização até a gestão comunitária delas. A prática foi apresentada em 2005, participando do Prêmio Instituído pela Fundação Getúlio Vargas (RJ) e ficou registrada dentre as 100 melhores experiências públicas do país. 

1º Prefeito Reeleito – Em 2004, Nogueira foi eleito prefeito de Santana, com pouco mais de 22 mil votos, renunciando ao mandato de Deputado Federal em 31 de dezembro de 2004. Em 2008, mesmo tendo como adversários os mais poderosos setores políticos do Estado do Amapá, Nogueira novamente fora eleito, consagrando-se como primeiro prefeito reeleito da história de Santana, com mais de 26 mil votos. Como prefeito, comandou uma experiência de poder popular inédita no Amapá. Apesar de imensas dificuldades, está mudando a cidade, praticando a participação popular, incluindo gente, fazendo obras que preparam Santana para o futuro. A opção de Nogueira, nesses dois mandatos conquistados com garra, está sendo pela transformação social, pela participação de todos, pela inclusão, pela transparência. 

Prefeito Empreendedor – Em 2008, com o Projeto “Fábrica de Projetos Empreendedores” que envolveu Incentivos Fiscais para a instalação de empreendimentos no município, a reativação com reforma e ampliação do Mercado Municipal e a construção de um novo Corredor Comercial (Via Modelo Salvador Diniz) em Santana, Nogueira foi eleito pela SEBRAE como Prefeito Empreendedor do Estado do Amapá, constituindo-se como primeiro Prefeito a conquistar esse Prêmio no município de Santana. 

Compromissos com Santana – Nogueira lembra que sua eleição e reeleição foram pautadas em 13 compromissos, que faz questão de relacioná-los: Melhoria física e estética da cidade (urbanização, mais espaços públicos, dinamização destes espaços, etc); Criação do Banco do Povo; implantação e consolidação do Programa Saúde da Família; criação de programas para garantir uniformes escolares, transporte gratuito e merenda de qualidade além de ampliar vagas; Criação de uma política de geração de emprego através de fomento do Banco do Povo, Meu Primeiro Emprego e frentes de trabalho; Criação e Implantação da Guarda Municipal; Políticas para a Juventude através de programas para o primeiro emprego, oficinas profissionalizantes de cultura, de esportes e de lazer; Criação e Implantação do Orçamento Participativo; Incentivo às atividades culturais locais e de intercâmbio cultural entre municípios; Implementação e consolidação de políticas de esporte e lazer garantindo infra-estrutura para suas práticas; Transparências das contas públicas (ação que permearia todas as atividades da gestão municipal); Incentivo aos pequenos e médios produtores rurais para implementação de cooperativas e associações para construção de pequenas agroindústrias e distribuição de sua produção; Criação de programas de valorização dos servidores públicos com atualização profissional, melhoria e estabilidade salarial, concurso público e modernização das atividades administrativas. 

Grande parte dessa “utopia”, como diz o próprio prefeito Nogueira, vem sendo realizada. Uma outra parte ele pretende realizar até o final de seu atual mandato. “Governar não é fácil, aliás, é uma das mais difíceis tarefas. Governar é diferente de administrar. Para administrar existem funcionários públicos concursados, para governar fomos eleitos com um programa (a nossa utopia), governar é imprimir uma direção política à administração pública e é isso que procuramos realizar”, finaliza.